Após invasão ao Congresso

Trump pode sofrer impeachment e Washington está sob rígidas medidas de segurança

O atual presidente dos EUA não assumiu nenhuma responsabilidade pelo incidente violento no Capitólio, garantindo que seu discurso foi totalmente adequado

Por AFP
Publicado em 13 de janeiro de 2021 | 16:03
 
 
 
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 uma semana do final de seu mandato, o presidente Donald Trump estava nesta quarta-feira (13) a um passo de enfrentar um novo impeachment por encorajar o ataque ao Capitólio que deixou cinco mortos e chocou os Estados Unidos e o mundo. 

Faltando sete dias para a posse do presidente eleito, o democrata Joe Biden, e poucas horas antes de a Câmara dos Representantes votar a histórica acusação contra o presidente republicano, Washington estava sob um forte esquema de segurança. O ambiente era tenso uma semana após a invasão da sede do Congresso por apoiadores de Trump, em 6 de janeiro. 

Dezenas de militares da reserva passaram a noite dentro do Congresso. Muitos dormiam no chão das salas e corredores.

Blocos de concreto separavam os cruzamentos principais do centro da cidade; enormes barreiras de metal cercavam prédios federais, incluindo a Casa Branca, e a Guarda Nacional estava por todos os lados. 

Os debates na Câmara dos Representantes começaram às 9h locais (11h de Brasília). A votação do impeachment foi marcada para às 15h locais (17h de Brasília).

Seu resultado, que não deixa dúvidas já que os democratas controlam a Câmara, marcará a abertura formal do processo de impeachment contra Trump, que se tornará o primeiro na história do país a ser julgado duas vezes no Congresso. 

As intervenções dos congressistas foram enérgicas. Trump é um "tirano", lançou a democrata Ilhan Omar. "Não podemos virar a página sem fazer nada", disse ela.

A republicana Nancy Mace afirmou que o Congresso deveria exigir que o presidente fosse responsabilizado por suas ações, mas considerou irresponsável agir de "forma precipitada".

Cada vez mais isolado, o tempestuoso presidente tentou na terça-feira minimizar o procedimento contra ele, descrevendo-o como uma "continuação da maior caça às bruxas da história política". 

Poucos dias antes de sua partida para sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, onde sua nova vida como "ex-presidente" deve começar, Trump parece cada vez mais desconectado do que está acontecendo na capital americana.

Nenhum representante republicano apoiou o impeachment anterior contra Trump em 2019, e apenas um senador do partido, Mitt Romney, votou para condená-lo. O presidente foi então absolvido da acusação de reter ajuda financeira para obrigar a Ucrânia a investigar uma suposta corrupção de seu adversário político Biden.

Mas desta vez, cinco legisladores já manifestaram intenção de votar a favor do "impeachment", entre eles Liz Cheney, uma das líderes da minoria republicana e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney. 

A presidente da Câmara e líder da maioria democrata, Nancy Pelosi, revelou os nomes de sua equipe de "promotores" que levará o caso ao Senado, ainda dominado por republicanos, para o impeachment.

Virar a página? 

Mais preocupante para Trump e seu possível futuro político é que Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, dizer a seus aliados, segundo reportagens do New York Times e da CNN, que via o "impeachment" favoravelmente, considerando que o julgamento tem fundamento e ajudaria o Partido Republicano a virar a página de Trump para sempre.

Este estrategista inteligente, aliado altamente influente e crucial de Trump por quatro anos, pode ser a chave para o resultado desse procedimento histórico, porque poderia encorajar senadores republicanos a condenar o 45º presidente dos EUA.

De Álamo, no Texas, para onde viajou para comemorar a construção do muro na fronteira com o México, ele tentou mostrar uma imagem menos agressiva, pedindo "paz e calma". 

O presidente não assumiu nenhuma responsabilidade pelo incidente violento no Capitólio, garantindo que seu discurso foi "totalmente adequado". 

Seu vice-presidente, Mike Pence, se recusou a invocar a 25ª Emenda à Constituição, que permitiria declarar o republicano inapto para o cargo.

Apesar dessa rejeição, a Câmara de Representantes aprovou uma resolução simbólica pedindo que ele invocasse essa emenda. 

Ainda contando com o apoio de alguns parlamentares, o presidente está mais isolado do que nunca após uma série de renúncias em seu governo. 

O YouTube suspendeu o canal de Trump por "pelo menos sete dias" e excluiu um de seus vídeos por violar sua política contra discurso de ódio.  O Twitter encerrou a conta @realDonaldTrump de forma permanente na semana passada. 

Os democratas vão assumir o controle do Senado em 20 de janeiro, mas precisam convencer muitos republicanos a obter a maioria de dois terços necessária para a condenação. 

O julgamento também corre o risco de prejudicar a ação legislativa dos democratas no início da presidência de Biden, ao monopolizar as sessões no Senado. 

Biden assumirá o poder no dia 20 de janeiro, na escadaria do Capitólio, sede do Congresso.

Criticado por sua demora em enviar a Guarda Nacional na quarta-feira, o Pentágono destacou até 15.000 membros para a posse. 

Inicialmente mobilizados para fornecer apoio logístico à polícia, seus integrantes começaram a portar armas na noite de terça-feira, segundo um fotógrafo da AFP.

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