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Ucrânia acusa Rússia de atacar Odessa menos de 24 horas após acordo por grãos

Pacto assinado por Moscou e Kiev, com mediação da Turquia e da ONU, é visto como crucial para conter os preços globais de alimentos e permitir que certas exportações fossem enviadas de portos ucranianos

Por Agência
Publicado em 23 de julho de 2022 | 08:50
 
 
 
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As Forças Armadas da Ucrânia acusaram a Rússia de atacar com mísseis, neste sábado (23), infraestruturas da cidade portuária de Odessa, no sul do país, no que seria um golpe no acordo assinado menos de 24 horas antes para desbloquear as exportações de grãos dos portos do Mar Negro.

O pacto assinado por Moscou e Kiev, com mediação da Turquia e da ONU, é visto como crucial para conter os preços globais de alimentos e permitir que certas exportações fossem enviadas de portos ucranianos.

"O inimigo atacou o porto comercial marítimo de Odessa com mísseis de cruzeiro Kalibr", escreveu Sergi Brachuk, porta-voz do governo regional, em uma nota publicada nas redes sociais. "Dois mísseis atingiram a infraestrutura do porto, enquanto outros dois foram abatidos pelas forças de defesa aérea."

A chancelaria da Ucrânia pediu às Nações Unidas e a Ancara que garantam que a Rússia cumpra os compromissos e autorize a passagem no corredor de grãos. Para o porta-voz da pasta, Oleg Nikolenko, ao disparar os mísseis, o líder russo, Vladimir Putin, "cuspiu na cara do secretário-geral da ONU e do presidente turco, que fizeram esforços enormes para chegar a esse acordo."

O Kremlin não respondeu imediatamente ao pedido de comentários da agência de notícias Reuters.

No Twitter, a embaixadora dos EUA em Kiev, Bridget Brink, chamou o ataque de "ultrajante". 

"A Rússia ataca Odessa menos de 24 horas após assinar um acordo para permitir embarques de exportações agrícolas. O Kremlin segue usando alimentos como armas. A Rússia deve ser responsabilizada."

O bloqueio dos portos ucranianos pela frota russa do Mar Negro impediu a saída de dezenas de milhões de toneladas de grãos e de muitos navios, o que piorou os gargalos da cadeia de suprimentos global e, junto com as sanções ocidentais à Rússia, alimentou a inflação dos preços de alimentos e energia.

O acordo assinado na sexta visa a evitar a fome entre dezenas de milhões de pessoas em países mais pobres, principalmente na África, injetando mais trigo, óleo de girassol, fertilizantes e outros produtos nos mercados mundiais, inclusive para necessidades humanitárias, em parte a preços mais baixos.

Autoridades da ONU disseram que o trato deve estar totalmente em vigor em algumas semanas, retomando as saídas de grãos de três portos para níveis pré-guerra, de 5 milhões de toneladas por mês.

Sob o pacto, oficiais ucranianos guiariam navios por canais seguros em águas minadas até três portos, incluindo Odessa, onde seriam carregados com grãos. Moscou nega a responsabilidade pela crise, culpando as sanções impostas por países do Ocidente por desacelerar suas próprias exportações de alimentos e de fertilizantes e a Ucrânia por colocar explosivos próximos a seus portos no Mar Negro.

O líder ucraniano, Volodimir Zelenski, disse na sexta que o acordo disponibilizará cerca de US$ 10 bilhões em grãos para venda, com cerca de 20 milhões de toneladas da safra do ano passado a serem exportadas.

A Rússia e a Ucrânia são os principais fornecedores globais de trigo. Uma crise alimentar mundial colocou cerca de 47 milhões de pessoas para a "fome aguda", segundo o Programa Alimentar Mundial. (Folhapress)

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