Crise

Ucrânia revista carga humanitária russa e denuncia presença militar

Quase 60 funcionários ucranianos se deslocaram para a passagem da fronteira russa, chamada Donetsk, onde está desde quinta (14) o comboio humanitário russo

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 15 de agosto de 2014 | 09:41
 
 
 
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A Guarda Fronteiriça e o Serviço de Alfândegas da Ucrânia iniciaram nesta sexta-feira (15) a revista da carga humanitária enviada pela Rússia, destinada à população do leste da Ucrânia, região que sofre há quatro meses com o conflito armado entre as forças de Kiev e os separatistas pró-Rússia.

Quase 60 funcionários ucranianos se deslocaram para a passagem da fronteira russa, chamada Donetsk, onde está desde quinta (14) o comboio humanitário russo, e "iniciaram a revista aduaneira e a certidão da carga", informou o comando militar ucraniano.

"A carga irá para Lugansk", cidade à beira da catástrofe humanitária, sem luz nem água há duas semanas e abandonada pela metade de seus quase 500 mil habitantes.

A certidão da carga é supervisionada por representantes da OSCE e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que acompanharão o comboio assim que ele entrar no território ucraniano e serão responsáveis por distribuir a carga entre a população civil de Lugansk.

Do outro lado da passagem fronteiriça russa, está a passagem ucraniana de Izvarino, controlada pelos separatistas pró-Rússia e o ponto mais provável por onde o comboio humanitário deve entrar no território da Ucrânia.

Kiev já antecipou, sem especificar, que o comboio cruzaria a fronteira pelo ponto mais próximo de Lugansk para agilizar a distribuição da ajuda à população da cidade, controlada pelos insurgentes, mas sitiada pelas forças ucranianas.

Tanto Izvarino como Dolzhanski, ambas controladas pelos rebeldes, são as duas passagens fronteiriças mais próximas de Lugansk.

O comboio, integrado por 262 caminhões russos, transporta, segundo Moscou, duas mil toneladas de cereais, açúcar, alimentos para crianças, remédios, sacos de dormir e geradores elétricos.

Desde quinta-feira, o comboio estacionou em um campo aberto perto da cidade russa de Kamensk-Shakhtinsky, cerca de 20 quilômetros da fronteira Izvarino.

A Ucrânia e as potências ocidentais temem o comboio que sirva de desculpa para uma intervenção militar russa, temor que o governo da Rússia chamou de "absurdo".

Acompanhados por representantes do ministério russo das Situações de Emergências, jornalistas foram autorizados a entrar em mais de 10 caminhões e constataram que transportavam sacos de farinha, açúcar e garrafas de água.

Militares cruzam fronteira

As autoridades da Ucrânia denunciaram nesta sexta-feira a entrada de uma coluna de blindados do Exército russo na região de Lugansk.

"A inteligência militar confirmou que uma coluna de transportes blindados e caminhões cruzou a fronteira pela passagem Izvarino, fechada temporariamente, e entrou no território de nosso Estado", declarou o porta-voz do comando das forças ucranianas que atuam no leste do país, Alexei Dmitrashovski.

De acordo com a fonte, os veículos militares tinham matrículas e distintivos russos e começaram a entrar em território ucraniano na noite de quinta-feira.

Segundo o comando ucraniano, a coluna russa era pouco numerosa e se dirigia em direção à cidade de Malogvardeisk, a cerca de 20 quilômetros ao sul de Lugansk, um dos principais redutos dos separatistas no leste da Ucrânia.

Questionado sobre os relatos de jornalistas que viram a entrada dos militares russos, um porta-voz militar da Ucrânia, Oleksiy Dmytrashkivsky, disse que "esses movimentos em território ucraniano ocorrem praticamente todos os dias com o objetivo de provocar. Quinta-feira à noite não foi exceção. Alguns veículos blindados passaram a fronteira. Estamos verificando a quantidade e o número de pessoas que vieram".

O chanceler britânico, Philip Hammond, expressou alarme na sexta-feira com relatos de que veículos militares russos tinham atravessado para a Ucrânia, dizendo que isso poderia ter consequências "muito graves".

Kiev e a OTAN temem que a Rússia, que dizem ter reunido mais de 40.000 tropas perto da fronteira, invada o leste da Ucrânia.

A Rússia diz que está realizando exercícios militares e não tem planos de invasão. Também nega que apoie os rebeldes separatistas com armas e fundos.

Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções à Rússia devido à intervenção na Ucrânia e à anexação da Crimeia, no que se tornou a pior crise nas relações entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.

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