Bombardeio

'Vimos nossos colegas morrerem', diz enfermeiro de hospital afegão

Lajos Zoltan Jecs descreveu os momentos que se seguiram aos ataques como absolutamente assustadores e disse que ficou em choque ao ver pacientes e colegas morrendo

Por Folhapress
Publicado em 04 de outubro de 2015 | 16:05
 
 
 
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SÃO PAULO, SP - Sobrevivente dos bombardeios que mataram ao menos 22 pessoas no hospital da ONG Médico Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, o enfermeiro Lajos Zoltan Jecs descreveu os momentos que se seguiram aos ataques como "absolutamente assustadores" e disse que "ficou em choque" ao ver pacientes e colegas morrendo.

"Eu estava dormindo em nossa sala segura no hospital. Por volta das 2h da manhã, eu fui acordado pelo som de uma grande explosão próxima. No primeiro momento, eu não sabia o que estava acontecendo. Ao longo da última semana, já havíamos escutado outras bombas e explosões, mas sempre distantes. Esta era diferente - perto e alta", descreve em nota divulgada neste domingo (4) pela MSF.

Segundo ele, uma das maiores dificuldades foi mobilizar os médicos e enfermeiros, também em choque, para tratar dos feridos. "Tivemos de organizar um plano de atendimento em massa para atender as vítimas no escritório, verificando quais médicos estavam vivos e em condições de ajudar. Fizemos uma cirurgia de emergência em um dos médicos. Infelizmente, ele morreu ali, na mesa do escritório. Fizemos o nosso melhor, mas não foi suficiente.", conta.

Jecs disse que estava acostumado a lidar com situações difíceis no país, mas que ver colegas sendo mortos teve um impacto ainda maior. "São pessoas que vinham trabalhado duro por meses, sem parar ao longo da última semana. Eles não foram para casa, eles não viram suas famílias, eles só vinham trabalhando no hospital para ajudar pessoas e agora estão mortos. Estas pessoas são amigos, amigos próximos. Não tenho palavras para expressar isto. É indescritível."

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