Seis anos após o início das obras, a BR–381 tem hoje 35 km de pistas duplicadas. Isso representa 11% dos 303 km que separam Belo Horizonte e Governador Valadares, na região leste de Minas. Nesta segunda-feira (3), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, inaugurou mais um trecho de sete quilômetros de duplicação da estrada, na altura do município de Nova União, na região Central do Estado.
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dos 35 km duplicados, apenas 22 km já têm o trânsito liberado aos veículos. O órgão é responsável por quatro dos 11 lotes das obras de duplicação da rodovia, sendo que dois deles – os trechos 3.2 e 3.3 – são túneis já construídos e entregues na gestão anterior do governo federal. No total, o projeto prevê a duplicação de 222 km e melhorias e/ou construção de terceira faixa em outros 81 km.
Em entrevista coletiva durante a inauguração, o ministro afirmou que até dezembro deste ano serão concluídos outros 31 km de duplicação. “A obra está andando em bom ritmo e, até dezembro, a gente entrega os 66 km de duplicação aqui da 381”, disse Freitas. Se confirmada a previsão, em seis anos, o governo federal terá entregue pouco mais de um sexto da obra.
Ainda segundo o ministro, do lote cujo trecho foi inaugurado ontem, já haviam sido concluídos anteriormente outros 22 km e outros três devem ficar pronto nos próximos dias. “A ideia é que, até outubro, a gente entregue os 37 km deste lote 7”, disse. Ele afirmou que outros 10 km do lote 3.1 devem ser entregues também em outubro próximo.
Todos esses prazos já foram adiados inúmeras vezes. Segundo o coordenador do movimento Nova 381, Luciano Araújo, há trechos cuja previsão era de conclusão em 2016 e 2017. “Infelizmente, a obra não está no ritmo que a gente gostaria. É óbvio que se tivesse ficado pronto dentro dos prazos seria melhor. Mas, tem uma série de fatores políticos e orçamentários, então isso vai criando problemas”, explica.
Um desses fatores é que um dos consórcios responsáveis por alguns trechos da duplicação – formado pelas empresas Isolux Córsan e Engevix – desistiu da obra. Então, o Consórcio Brasil/Engesur – segundo colocado e já responsável por outros trechos – assumiu parte deles. Mas, ainda segundo Araújo, após resolvido o impasse, também já houve outros atrasos e, atualmente, não há previsão para conclusão da duplicação.
“Os últimos prazos eram: em maio agora ficariam prontos esses dois lotes que estão em andamento e em junho entraria a concessão para que, em setembro, a concessionária já iniciar as obras e cobrar pedágio na rodovia. Mas, isso atrasou de novo. Então, a previsão é de que até setembro o lote 7 fica pronto e até dezembro o lote 3.1”, explicou o representante do movimento criado pelo setor empresarial de Minas em 2011 para reivindicar melhorias no trecho entre Belo Horizonte a Governador Valadares.
Freitas destacou que a obra na 381 é complexa porque a rodovia tem um tráfego intenso e demandou correção de traçado. “Além da duplicação, estão sendo construídas seis pontes, dois viadutos e dois túneis, e isso é fundamental para que a gente pudesse fazer a retificação do traçado e a correção geométrica. No final das contas, a duplicação com essas correções é o que vai diminuir o tempo de viagem e, sobretudo, salvar vidas”, afirmou Freitas.
Leilão de via deve ocorrer em 2021
Além da inauguração do trecho duplicado, o ministro Tarcísio Gomes de Freitas também falou sobre a concessão da rodovia à iniciativa privada juntamente com a BR–262, trecho entre João Monlevade, na região Central de Minas, até o Espírito Santo. A previsão do ministro é que o leilão aconteça até o primeiro trimestre de 2021.
“A gente deve ter a aprovação dos estudos da concessão da 381/Minas junto com a 262/Espírito Santo. A gente está falando, então, de 595 km que serão duplicados, R$ 10 bilhões que serão investidos nos próximos anos. E esse estudo deve ser encaminhado, na sequência, para o Tribunal de Contas da União, e, assim que ele analisar e autorizar o leilão, nós o faremos. Isso deve acontecer entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2021”, afirmou.
Segundo o senador mineiro Carlos Viana (PSD), que acompanhou o ministro na inauguração, há pelo menos dois consórcios estrangeiros que já demonstraram interesse na BR-381. “Nós já temos dois grandes grupos interessados, principalmente agora com o dólar a R$ 5,35, o que tornou o investimento ainda mais em conta para estrangeiros”, disse. Ainda segundo Viana, um deles seria um fundo dos Emirados Árabes e outro fundo com capital chinês e inglês. “Ambos têm buscado informações sobre a concessão”, garantiu.
Ele também defendeu o modelo de concessão já que, de acordo com Viana, a União não teria recursos para a conclusão das obras. “Não há como a gente conseguir R$ 10,5 bilhões no Orçamento. Se nós fôssemos trabalhar a duplicação com o orçamento da União, do jeito que está proposto até Valadares e até o Espírito Santo, nós íamos gastar aí entre 40 e 50 anos”, disse.
Na avaliação do coordenador do movimento Nova 381, Luciano Araújo, o ideal era que as obras fossem realizadas pelo governo federal como previa o projeto inicial e, depois, a rodovia fosse entregue à iniciativa privada para manutenção.
“Por quê isso? Porque essa estrada é uma obra muito complexa, é montanha e curva pra caramba, então é uma obra muito difícil e muito cara. Ao dar a concessão antes do governo federal fazer a obra, o pedágio fica caro. E para que queremos a duplicação? Para melhorar a competitividade e atração de investimentos para a região. E, se você cobra um pedágio alto demais, acaba que ninguém vai querer se instalar onde o pedágio inviabiliza o negócio”, disse.
O projeto de concessão proposto pela ANTT é de 20 anos e prevê a duplicação de trechos também na BR-262, além da instalação de câmeras de segurança, 11 praças de pedágio e a construção de túneis e passarelas. No total, os trechos a serem duplicados das duas rodovias, (BR-381 e BR-262), somam 595 quilômetros.