Martim Pescador ainda não quis pesquisar pois não é dado a essas vaidades, mas possivelmente pode ir para o "Guinness Book" como um dos mais longevos colunistas de pesca da imprensa, prosseguindo em atividade com muito vigor. Recentemente ele contou em sua coluna, o sufoco que passou com um mosquitinho que vem derrubando muita gente por aí.
Escreveu o Mauro Rocha, nome verdadeiro do colunista Martim Pescador: "Nos idos-de-não-sei-quando, ir ao Vale do Paracatu era aventura cercada de perigos: mata fechada, onças, antas, sucuris gigantes e um minúsculo inimigo: o mosquito anófele, disseminador da malária, a qual, no dizer exagerado do caboclo, fazia tremer até galho de árvore, além de dizimar a população de macacos e outros infelizes, flagelando os próprios sertanejos desprevenidos. Antes de viajar ao sertão eu procurava um amigo médico e este me fornecia uns comprimidos minúsculos, à base de quina, para tomar antes, durante e depois da viagem, além de levar o tubo de repelex na tralha. Nas minhas andanças por esses sertões, dormi (ou passei a noite) no barranco do rio Paracatu, mal protegido por uma coberta rala e cheia de buracos: os mosquitos faziam a festa. No entanto, em ocasião alguma tive a menor febre por isso. Por contraditório, aqui na cidade, na civilização moderna, um mísero mosquitinho de fundo de quintal me pôs de cama com febre, dores no corpo, bebendo água feito um camelo sedento, sem disposição para nada".
Graças a Deus ainda não enfrentei esse mau bocado que o Mauro acaba de passar com a dengue, assim como milhares de pessoas que vêm sendo acometidas pela doença, muitas delas chegando ao desespero do óbito.
Acho que para quem felizmente ainda não teve esse desprazer, como no meu caso, fica mais difícil entender como esse minúsculo mosquito causa tamanho estrago.
Nesta semana, para resolver coisas corriqueiras passei por dois centros de atendimento de um plano de saúde de classe média, um no interior e outro em Belo Horizonte, e fiquei impressionado com a quantidade de gente lotando as salas de espera.
Assim como no perrengue do Mauro, presenciei outro relato recente feito pelo músico Lenine, em pleno palco do Palladium, aqui em Belo Horizonte, aonde fez show há uns dez dias, o primeiro após receber alta de uma dengue hemorrágica branda, fato que ganhou o noticiário nacional.
No começo do show, Lenine não quis tocar no assunto da doença, foi apresentando as músicas, até que entre uma e outra alguém gritou da plateia, perguntando se ele estava bem. Apenas levantou o dedo afirmativamente para responder.
Alguns dias antes cogitou-se se o show poderia ser adiado e na hora da apresentação havia um certo clima de expectativa sobre as condições do artista, que em cena parecia se testar, alternando momentos de menor e maior movimentação. Aparentemente quando se sentiu seguro, certo de que iria até o final, é que resolveu falar um pouco do baque: "cara, tomei um caldo, vocês não imaginam! Devem estar percebendo que estou uns 70%, mas vamos lá".
Prosseguiu e mais perto do fim voltou a comentar o susto que tomou. "A gente fica assim se achando forte e não tem ideia do que é, tomei uma cipoada", afirmou ao estilo Pernambuco, enfatizando a palavra cipoada. Relatou ainda, algo como se em alguns momentos da doença tivesse perdido os sentidos, num entorpecimento, uma zona de vertigem, meio lá meio cá.
Amigos que também tiveram a dengue me narraram coisas semelhantes e que mesmo durante a doença, quando achavam que estavam curados, resolviam sair pra dar andamento à vida e de repente amoleciam num quase desmaio.
Portanto, esse Aedes é deveras um cabra da moléstia, um mosquito míssil. Melhor envidar todos os esforços para eliminar os focos e impedir que essa epidemia já instalada em Minas cresça ainda mais. Não à água parada.
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