Segue em frente
Bolsonaro continua candidato dentro do hospital e sua campanha pode ser tocada pelos próprios apoiadores. Ele vai se recuperando bem. A agressão lhe proporciona solidariedade social, além de mantê-lo em evidência na mídia. Os seus eleitores permanecem firmes, a julgar pelas manifestações nas ruas e redes sociais; suas intenções de voto podem mesmo subir. Até o momento (ou até o fechamento da coluna), não se vislumbra uma ameaça à candidatura de Bolsonaro, que deve prosseguir em frente. Como a sua vida.
Avaria política
O ataque não interrompe ou inviabiliza a candidatura de Bolsonaro, mas não tem como ser positivo. O evento terrível e chocante traz prejuízos para a campanha. A faca que perfurou a barriga de Bolsonaro acertou em cheio a sua principal bandeira, que é o porte livre de armas. Se a venda de armas fosse liberada no Brasil, como nos EUA, ele não teria sofrido um ataque a faca, mas, sim, com arma de fogo e, provavelmente, estivesse morto. A sorte de Bolsonaro é que a ideia não vigora no país. A sua bandeira foi avariada, mostrou-se perigosa. Não passará despercebido o fato de que ele sofreu o ataque após aludir a fuzis, armas e matanças em sua campanha.
Armistício
A agressão física sofrida por Bolsonaro força o tucano Geraldo Alckmin e outros presidenciáveis a cessarem os ataques políticos contra ele, ao menos temporariamente. Na sexta-feira, já havia orientações de campanha nesse sentido. Criticar fortemente um adversário, no momento em que ele se acha hospitalizado e fragilizado, soa indelicado e desumano para o eleitor.
Primeiro socorro
Todo o atendimento a Bolsonaro em Juiz de Fora foi feito pelo SUS. O hospital receberá pouco mais de R$ 1.000, e o cirurgião que operou e salvou a vida do candidato menos de R$ 400. Critica-se muito o sistema público de saúde, mas é nele que todos recorrem para o primeiro socorro.
Everton Galvão, Leonardo Militão e Carlos Vinícius
Protagonismo
Os que exercem mandato costumam manter ou apoiar um negócio pessoal ou familiar, até porque a política é arriscada, e o poder, passageiro; assim a maioria dos deputados, senadores e políticos em geral pode ser enquadrada na atividade de empresário. Mas poucos se elegem como representantes do empresariado. Até agora. Em 2018, muitos empresários se lançaram na disputa eleitoral, inclusive de cargos majoritários, com plataformas e ideias que expressam nitidamente a cultura empresarial, além de valores liberais. Criaram-se movimentos. Formou-se um partido, o Novo. O empresário sempre influenciou a política brasileira, mas, na sombra; o protagonismo à luz, que está assumindo hoje, parece uma novidade.
Chegando perto
Dois candidatos oriundos de entidades empresariais estão bem colocados nas pesquisas para governos estaduais. Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp, aparece empatado com João Doria na disputa em São Paulo (23% a 25%), segundo o Datafolha divulgado na quinta; e Armando Monteiro (ex-CNI) segue na vice-liderança em Pernambuco, oito pontos atrás do governador Paulo Câmara. Ambos exploram a formação empresarial como um atributo positivo. E ambos, tecnicamente, têm boas chances de vitória.
Clima de vitória
Na sede envidraçada da Fiesp, na avenida Paulista, o otimismo com a campanha de Skaf anda nas alturas. Avalia-se que o candidato do MDB cresce com a imagem de empreendedor e gerador de empregos enquanto o adversário Doria acumula rejeição por ter deixado a prefeitura da capital e pela fadiga de poder do PSDB, há 20 anos no governo estadual.
A outra campanha
Está rolando outra campanha este mês, paralela à eleitoral e muito oportuna: o Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, iniciativa da Associação Mineira de Psiquiatria, já na 2ª edição. O suicídio se tornou um problema grave em nossa sociedade. As estatísticas apontam. E a realidade cotidiana confirma. Em famílias próximas à colunista, foram três casos de suicídio ou tentativas nos últimos meses; um jovem conhecido de 34 anos se matou. Há muita gente sufocada por angústias e aflições que precisa de ajuda (ou que precisa saber que precisa e pode ter ajuda).