Virada espetacular
Em 2016 a Petrobras tinha rombo de R$ 14,8 bilhões e ações derretendo na bolsa. O Rio de Janeiro decretava calamidade pública e colapso financeiro, e a Venezuela mergulhava na depressão e desorganização. Hoje a petroleira bate recorde em valor e mercado e dá lucro trimestral R$ 6,9 bilhões. O Estado fluminense tem o maior avanço de receitas no país com aumento contínuo de royalties (mais 50% ano passado e 30% neste trimestre). E o mais espantoso: até abril os títulos da dívida venezuelana foram os mais valorizados entre economias emergentes (alta de 9,7% contra queda média de 2,3% dos outros), indicando melhora das expectativas de investidores em relação ao país. O que mudou? O mercado de petróleo, ativo que sustenta os três protagonistas da virada: a empresa, o Estado e o país.
Roleta do mercado
Quando Petrobras, Rio e Venezuela desceram ao fundo do poço, o barril do petróleo vinha em queda vertiginosa: despencou de mais de US$ 100 em 2011 para faixa de US$ 35 a US$ 40. Agora, com a commodity valendo quase o dobro (embora longe das máximas), a petroleira virou o delírio dos investidores. O Estado pode sair da lama tão rápido quanto entrou, e até o país mais encalacrado do mundo passa a ter chance de resgate. Ambos vão se dando bem com a alta do petróleo como se deram mal na época da baixa. Têm a sua sorte lançada na roleta do mercado. No momento ela gira a favor dos produtores. Resta saber até quando.
Boa temporada
A Petrobras é o destaque da hora, mas seus lucros estão longe de ser uma exceção na temporada atual de balanços corporativos. Os ganhos da Ambev subiram 13,4% no trimestre e os da Tim 89%. Até a Gol saiu do prejuízo para o lucro operacional. Via de regra, para alegria dos investidores e acionistas, as empresas abertas estão mostrando resultados bem melhores após ajustes internos nos últimos dois anos. Pena que o ajuste empresarial à crise tenha sido à custa de um desemprego persistente de mais de 13%.
Pau a pau
Segundo um experiente profissional de campanha, com base em pesquisas próprias, a disputa pela prefeitura de Ipatinga está polarizada e acirrada. Ela segue “cabeça a cabeça” entre dois nomes: o prefeito Nardyello Rocha (MDB), que assumiu após o afastamento de Sebastião Quintão, e a vereadora Lene Teixeira, do PT, partido que já governou a cidade. Ou seja, a nova eleição tende a ser um embate entre a atual e a antiga administração.
Sai concorrência
Principal apoio de Nardyello, Quintão foi aconselhador por consultores a reduzir as candidaturas no seu campo para aumentar as chances de vitória sobre os petistas. O conselho pode ter sido acolhido. Um dos postulantes, o vereador José Geraldo Andrade, do Avante, desistiu na última segunda-feira, dois dias depois de escolhido em convenção do partido.
Frustrante
Joaquim Barbosa frustrou o pessoal do PSB e os eleitores que o apoiavam para presidente. Depois de expulsar Aldo Rebello do partido e gerar grande suspense em torno de uma possível candidatura, o magistrado aposentado se retirou do páreo com poucas palavras, tão lacônico e misterioso como entrou, sem deixar nenhuma ideia ou contribuição intelectual para o debate eleitoral. No fim pesaram o apego ao rentável negócio da venda de pareceres jurídicos e o medo de se expor à opinião pública.
Patrícia Magalhães e Cleber Miranda
Tem problema
Doria não vai bem nas pesquisas para o governo de São Paulo. Embora na liderança, o tucano se depara com o crescimento explosivo da sua rejeição na capital, onde foi eleito prefeito em 2016 e hoje é repudiado por 49% da população. O problema é que o índice pode continuar subindo, com a rejeição se espalhando pelo interior por meio do velho mas eficiente bordão do marketing de desconstrução: “Quem conhece não vota”.
Tem reserva
O eventual fiasco de Doria não deve tirar o sono de Geraldo Alckmin. Pode até vir a ser bom para o presidenciável do PSDB. A alternativa já está em curso com a candidatura do ex-vice e atual governador Marcio França, do PSB, um parceiro leal e em perfeitas condições de substituir Doria no segundo turno e no posto de herdeiro de Alckmin, o político que governou por mais tempo São Paulo. Foram mais de 12 anos em quatro mandatos.