Crise, título e o reflexo das redes sociais
Se você é assíduo nas redes sociais, faça este exercício: vá às últimas postagens nas contas oficiais do Atlético no Instagram, Facebook, Twitter ou YouTube e leia os comentários. Não importa o conteúdo das publicações: nove em cada dez mensagens são de protesto, pedindo a saída do diretor de futebol Alexandre Gallo, cobrando da presidência, reclamando de jogadores, muitos até, em tons ofensivos. O Galo vive um período de crise, não vence há três jogos, demitiu Thiago Larghi, contratou Levir Culpi e vê a vaga para a Libertadores do próximo ano ameaçada.
Agora, vá às redes socais do Cruzeiro. O sentimento e os comentários são inversamente proporcionais: quase todos positivos. Óbvio, a equipe celeste acabou de conquistar o hexacampeonato da Copa do Brasil, e, mesmo após eliminação na Libertadores, a lua de mel entre torcida e time não tem hora pra acabar. Em tempos modernos, as redes sociais têm um poder inigualável e, não podem, de forma alguma, ser ignoradas. Nesse sentido, como lidar com crises e como potencializar conquistas?
Especialista
Para enriquecer a discussão, conversei com Thiago Muniz, especialista em gestão de marcas e coordenador de design do Minas Tênis Clube, que ministrou palestra sobre redes sociais na cobertura jornalística no Mineirão Call-Up, no mês passado. Ele entende que, em momentos de crises, é preciso uma avaliação conjunta das áreas de comunicação e mídia, incluindo o trabalho nas redes. Qualquer coisa é motivo para ser atacado. É o caso do Atlético.
Cuidados
“Vem sorrir com a Massa!”. Esse era o mote de uma publicação do alvinegro na última quarta-feira, numa ação em conjunto com a Orthopride, rede de clínicas de ortodontia que patrocina o clube. Nada mais equivocado do que isso neste momento. Pedir para a torcida do Galo sorrir nesta hora é instigar a ira. “Como sorrir se a coisa que mais amo não me dá alegrias?”, “Quem disse que a Massa está sorrindo?”, diziam alguns dos comentários na postagem.
Potencialidades
No lado azul, a conquista do hexa vira um elemento e tanto para bombar sua relação com o torcedor. Para Thiago Muniz, esse momento é fundamental para mostrar quem você é nas redes sociais e, por isso, tem que falar bem a língua do torcedor, com conteúdo de valores, aproveitando para ativar patrocinadores. Se tudo é festa, vale externar as comemorações de bastidores. Em quatro dias, o “Filme do Hexa”, por exemplo, já tem mais de 250 mil visualizações no YouTube.
Rivalidade
Nos últimos meses, o Cruzeiro cresceu mais que o Atlético no número de seguidores e inscritos, somando Facebook, Twitter, Instagram e YouTube. Segundo o Ibope Repucom, a Raposa ultrapassou o rival em setembro de 2017, chegando a 5.098.279 usuários, contra 5.069.400 do Galo, ou seja, uma diferença de quase 29 mil inscritos. Mas, daí por diante, o time azul só abriu vantagem. Em outubro deste ano, o ranking já mostra o Cruzeiro com quase 220 mil inscritos a mais que o rival.
Segmentos
O Atlético só tem mais seguidos que o Cruzeiro no Twitter, e, em todas as outras – Facebook, Instagram e YouTube –, a Raposa desperta mais interesse. No Twitter, a equipe estrelada já está perto de superar o rival. A diferença até essa quinta-feira era de apenas 7.000 usuários. No ranking nacional, o Cruzeiro é o oitavo, e o Galo, o décimo. Com um acréscimo de mais de 45 mil novas curtidas em todas as mídias sociais, a Raposa se aproxima do Vasco (sétimo).
Alento
O alvinegro, por sua vez, ultrapassou os 3 milhões de seguidores em sua página no Facebook no último levantamento do Ibope Repucom. Enquanto muitos clubes veem suas bases diminuírem gradualmente nesta plataforma, o Atlético é a equipe que mais cresce em números e em variação, com 12 mil novos seguidores na rede. O clube também tem apostados em transmissões ao vivo, como nos pré-jogos, em compromissos do time no Horto.