O Flamengo sonhou que, no Maracanã, no reencontro saudoso com sua apaixonada torcida, ganharia todas as partidas. Ainda não venceu um jogo. Acontece!
Enquanto o Palmeiras possui várias caras, estratégias, o que surpreende o adversário, o Flamengo faz sempre tudo igual. Os jogadores pelos lados quase só atuam pelos lados, o centroavante não sai do centro do ataque, e o meia de ligação ocupa sempre o mesmo espaço. A repetição excessiva cansa, empobrece. Quando tenta algo diferente, como a entrada do armador Mancuello, ele fica perdido, sem saber seu lugar.
Antes da chegada de Diego, Willian Arão marcava, armava e atacava. Era o meio-campista. Hoje, toda a armação está com Diego. Arão passou a ser um volante burocrático. Ele e Diego poderiam se completar na organização das jogadas. O fim da dependência de um único clássico meia de ligação foi um avanço no futebol. Essas críticas não apagam os muitos méritos do jovem técnico Zé Ricardo, uma grande promessa.
O Santos, vice-líder, é, das grandes equipes, a que gasta menos com o elenco. É também a que troca mais passes, pelo incentivo de Dorival Júnior e por ter bons armadores, como Renato e Lucas Lima. Renato raramente erra um passe. Não erra porque tem boa técnica e, principalmente, por fazer a escolha do passe certo.
Hoje, começa a decisão da Copa do Brasil. As chances são iguais. O gol fora de casa não vale mais que em casa. Os dois times confiam muito na vitória em seu campo. O Grêmio corre o risco de não ganhar o título e de ficar fora da Libertadores pelo Brasileirão. O exibicionista Renato Gaúcho ficaria sem graça. Se o Atlético não for campeão e confirmar o quarto lugar no Brasileirão, será também uma decepção.
Disseram tanto que o Atlético tinha um excepcional elenco, que acreditaram. Acharam que bastaria trazer bons meias e atacantes. Esqueceram dos reservas para a defesa. Pior, o sistema defensivo é desorganizado e sofre muitos gols.
Apesar da preocupação dos técnicos brasileiros em incentivar a troca de passes para recuperar o longo tempo perdido de chutões, persiste o excesso de jogadas aéreas. Essa é uma das características do Palmeiras. Mas não é a única. O time faz muitos gols em triangulações e em jogadas de contra-ataque em velocidade. Tem ótimos jogadores para isso, Dudu e Gabriel Jesus. O repertório é muito maior que o de outros times.
Pelo fato de ainda persistirem os chutões e da divisão que houve no meio-campo, entre os volantes que marcam e os meias que atacam, existe, no Brasil e na América do Sul, muito mais bons jogadores que atuam próximos à área que no meio-campo. Alguns times, como a seleção uruguaia, funcionam muito bem com os chutões e lançamentos longos para os ótimos Suárez e Cavani.
A seleção brasileira possui também mais talentos no ataque. Paulinho é um meio-campista discreto, que quase não aparece para receber a bola. Prefere avançar e chegar à área, para finalizar. O armador do time é Renato Augusto, auxiliado por Fernandinho. Mais à frente, sentiremos falta de mais talento no meio-campo.
Quando há um bom conjunto e a fase é boa, jogadores comuns passam a atuar muito bem. O Chelsea, líder do Inglês, vive uma situação parecida com a do Brasil, com seis boas atuações e seis vitórias seguidas. Até Pedro tem brilhado. E ainda temos que engoli-lo.
Chances
No Brasileirão, por mais que alguns times empatem e percam, continuam ainda lutando por algum objetivo. É um campeonato bonzinho. Vários times que estão muito mal ainda têm chances de ir para a Libertadores. O Cruzeiro, mesmo em um bom período na zona de rebaixamento, ainda tem chances matemáticas de conseguir uma vaga. Já o Atlético, em quarto lugar, se não ganhar a Copa do Brasil, será obrigado a jogar a fase inicial, de jogos mata-mata, o que é perigoso, mesmo contra fracos adversários.
O Cruzeiro precisa de melhores laterais e de um jogador especial no meio-campo e no ataque. Rafael Carioca não deveria ser reserva no Atlético. O time precisa também de melhores reservas para a defesa.