Sem gratidão, o homem sequer enxerga as dádivas que a vida lhe traz; não compreende a mensagem que os raios do sol buscam transmitir-lhe quando douram o horizonte, tampouco entende o canto dos pássaros, chamando-o a compartilhar da alegria que o universo concede a todos os seres. Sente o perfume de uma flor, mas não penetra na essência do aroma oriundo dos jardins dos mundos internos.
Sem gratidão, mesmo que ele viva internamente em um reino superior, vê apenas elementos materiais à sua volta. Estando imerso na plenitude da existência, limita-se à sua temporalidade. Porém, como mostrar as cores àquele que não as pode ver? O milagre da vida interior é estar presente mesmo enquanto o mundo externo afoga-se em turbilhões de conflitos. Ela prevalece e reafirma-se como infinita e inextinguível e, sem a sua chispa a acalentar a matéria, nada existiria. Ainda que imperceptível, flameja no âmago de todas as coisas.
A ação desarmônica dos homens não faz desaparecer essa vida interior; nuvens escuras não podem ocultá-la nem a contínua rejeição de sua presença pode fazê-la desistir de doar-se, pois é a única verdade, o único porquê, o único sentido. É poder quando os homens fraquejam; é suavidade quando lhes falta doçura; é sabedoria quando ignoram como conduzir-se; é amor quando tendem a ceder à ira; é luz quando se encontram nas trevas. Na vida interior estão todas as qualidades e tesouros; nela tudo se inicia e a ela tudo se destina.
Sem que a consciência passe pelo estado de “sentir-se completamente abandonada”, não poderá despojar-se totalmente de sua bagagem e abraçar de maneira incondicional o que a espera. Seja qual for a tarefa concedida a um indivíduo no Plano Evolutivo, ele não conseguirá realizá-la se não se entregar à Luz interna. Devido aos vícios e apegos próprios dos corpos terrestres, tal estado de despojamento os assusta.
Terá de encontrar em si mesmo um solo firme para prosseguir sua caminhada e saber que, ao assumir integralmente a tarefa que lhe foi designada, liberará a Hierarquia para trabalhos maiores.
O ser humano não vem ao mundo para permanecer indefinidamente imaturo. O amadurecimento interno deve emergir como fruto de um processo conscientemente assumido e a necessidade de confirmações externas deve ser substituída por uma fé inabalável. Chegando à superação das etapas materiais, vê que todo desenvolvimento que ele pensou haver conseguido nada mais foi que um treino para as fases que se seguiriam. Tem, então, que se deixar permear por sua energia interior sem desejar apoios e, em total disponibilidade, assumir o que do Alto lhe é indicado.
No caminho evolutivo uma porta não se abre se quem está diante dela não tem condições de transpô-la. Diz a lei espiritual que não se deveria, prematuramente, colocar um ser diante do que ele não pode ainda assumir. Assim, ele inicia sua formação em níveis internos, nos quais inexistem reações negativas e, desse modo, fortalece suas bases para expressar-se nos planos materiais, quando chegar o momento.
Quem julga saber não está preparado para a instrução interna, pois aos seus ouvidos as palavras parecerão vazias de sentido. Tal indivíduo escuta mas não entende, pois está cheio de si, cheio de pretensões. Mesmo que lhe seja mostrada a luz ele não a enxergará, pois seus olhos veem apenas as cores que ele mesmo projeta. Desse, o sábio se compadece; diante desse, se cala.
Para conhecer as obras do autor, acesse o site www.irdin.org.br e o site www.comunidadefigueira.org.br
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Para parar de sofrer e evoluir é preciso ter gratidão e humildade
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