Aprovado na Câmara Federal e em tramitação no Senado, o projeto de lei conhecido como “combustíveis do futuro” não deve demorar a se tornar realidade no Brasil. Ele trata da diminuição dos combustíveis com alto índice de emissão de gases que contribuem para o aquecimento global para a entrada em cena de outros, ecologicamente sustentáveis
Em meio a esse cenário, Minas Gerais larga na frente, já que tem amplas possibilidades de expansão nas produções de hidrogênio verde, biogás, etanol e projetos em outros biocombustíveis, como óleos vegetais avançados a partir da macaúba e o combustível sustentável da aviação (SAF). Além disso, Minas tem consolidada uma grande produção de energia elétrica renovável, sendo o maior Estado produtor de energia solar do Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Gases renováveis
No segmento de gases renováveis, a imensa oferta de biomassa proveniente da indústria florestal, sucroalcooleira e demais segmentos do agronegócio faz de Minas Gerais uma potência para geração de hidrocarbonetos, biogás, biometano, hidrogênio de baixo carbono e demais elementos gasosos sintéticos, que poderão descarbonizar setores tradicionalmente emissores.
Minas Gerais pode se tornar uma referência global na produção de hidrogênio verde, de baixo carbono e de combustíveis sintéticos, como SAF, por exemplo. O caminho para isso já está sendo traçado. Em 2023, a empresa alemã Neuman & Esser anunciou investimentos na construção de uma fábrica de equipamentos geradores do produto. Outra iniciativa pioneira no Estado é o Centro de Hidrogênio Verde da Universidade Federal de Itajubá, que desenvolverá pesquisas para apoiar a expansão desse mercado e contará com um projeto-piloto equipado com eletrolisadores fornecidos pela Neuman & Esser.
Biocombustíveis
Minas Gerais é um dos maiores produtores de etanol e abriga o segundo maior mercado de etanol hidratado do país. No Estado, desde 2023, investimentos da ordem de R$ 11,3 bilhões também têm sido realizados na cadeia sucroenergética, contemplando desde o cultivo da cana-de-açúcar até a produção do etanol e o desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas a ele, mobilidade elétrica e produção de hidrogênio verde pela reforma do etanol.
Eletricidade renovável
No setor de eletricidade renovável, Minas Gerais também se destaca. Do total de energia elétrica produzida no Estado, 96% é relacionado a fontes hídricas, solar, biomassa e eólica, de acordo com a Aneel. Além disso, Minas Gerais é responsável pela geração de um terço do total da energia solar fotovoltaica centralizada.
Os incentivos criados pelo Estado por meio do programa Sol de Minas, além dos incentivos às demais fontes de geração de energia renovável, têm sido fundamentais. Até o momento, a Invest Minas facilitou 44 projetos de energia solar ou híbrida, com investimentos totalizando R$ 75 bilhões. Atualmente, o Estado produz quase 8 GW em geração centralizada e distribuída, uma expansão de mais de 1.200% no período. Cada GW é capaz de abastecer uma cidade de 500 mil residências, o que significa que Minas já produz energia solar suficiente para abastecer o equivalente a mais de 3,7 milhões de casas.
O Estado se destaca no cenário brasileiro e internacional, catalisando mudanças para uma economia mais verde e sustentável. Prova disso é que Minas foi o primeiro Estado na América Latina a assinar o compromisso Race to Zero, da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo neutralizar a emissão de carbono até 2050. Com tantos potenciais, Minas Gerais mantém o compromisso com a sustentabilidade e a inovação, atuando como um laboratório de soluções para a transição energética.
Gustavo Garcia Vieira de Almeida*
e Miller Gazolla Corrêa de Sá**
(*) Diretor de gestão e novos negócios na Invest Minas e (**) especialista em transição energética