Acílio Lara Resende

A terceira via ainda não disse a que veio

Cada um se acha no direito de ser considerado o melhor


Publicado em 16 de dezembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Dou a mão à palmatória. O leitor Alexandre Faria (obrigado pela leitura do artigo) me chamou a atenção ao me lembrar que José Alencar, além de vice de Lula por duas vezes, foi também senador pelo PL de 1999 a 2002. Como escrevi de memória, e ela às vezes nos trai, escapou esse “detalhe”, mas não prejudicou o que contei.

Tivemos três longos anos de tensão entre Poderes, sobretudo com demonstrações antidemocráticas, mas não nos iludamos: o ano de 2022 vai ser pior ainda. As eleições não terão limite, e os ataques, as ofensas, as agressões se agravarão dentro de pouco tempo.

Não duvide, leitor, e que não se iludam, sobretudo, os maiores entusiastas da terceira via, que a situação – em todos os setores: educação, saúde, economia etc. – é das piores, e as pesquisas, até agora, traçam um quadro desanimador. A terceira via ainda não disse a que veio. O compromisso feito, por exemplo, entre João Doria e Sergio Moro de não se agredirem já foi criticado duramente por Ciro Gomes, que ataca cada vez mais os dois, e com mais vigor. Em vídeo, na semana passada, chamou Doria de “calças engomadas”, Moro de “togas sujas”, Bolsonaro de “fardas rotas” e Lula de “macacões de bolso de fundo falso”. O acordo de Doria com Moro foi celebrado na quarta-feira da semana passada, mas combinaram, para a segunda quinzena de janeiro, uma conversa mais objetiva, que poderá ser mais difícil ainda.

Carlos Lupi, presidente do PDT, deseja que o tom da campanha, já iniciada, seja definitivamente mantido: “Vamos mostrar a nossa diferença com todos. O processo eleitoral é para falar de nossas propostas e nossas diferenças, e o povo decidir em quem votar”.

A partir de março ou, no máximo, até o início de abril de 2022, o cenário político-eleitoral poderá estar mais claro e menos radical, e com os candidatos da terceira via mais conscientes.

Isso, porém, leitor, não quer dizer que estarão todos dispostos a apoiar quem estiver em condições, nas pesquisas, de vencer tanto Bolsonaro quanto Lula. Cada pré-candidato se acha no direito de ser considerado o melhor.

O mais triste dessas próximas eleições, porém, ainda é a possibilidade de Geraldo Alckmin, que foi fundador do PSDB, aceitar ser vice do seu opositor há mais de 30 anos, em vez de se ter tornado um dos principais protagonistas da terceira via e sem prejuízo da sua candidatura a governador de São Paulo. Ao que parece, além de oposições dentro do PT contra a possível escolha do vice, o gato subiu no telhado. O senador Fabiano Contarato troca a Rede pelo PT. Isso embola a sucessão no seu Estado (ES). Sua filiação ao PT o levará a ser candidato, e isso vai de encontro ao que deseja o governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição. Oxalá seja esse mais um bom motivo para impedir a chapa Luiz Inácio e Geraldo Alckmin.

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