Acílio Lara Resende

Arcebispo de Aparecida foi objetivo e direto na homilia

Pátria amada, pátria sem ódio e mentira


Publicado em 21 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Que fé religiosa professa o cidadão Jair Bolsonaro? Já li, em seu currículo, que ele é católico. Já vi, em várias ocasiões, e em vários canais de comunicação, que o presidente foi também batizado por bispo de uma igreja evangélica. Mais intrigado fiquei agora ao ver que ele esteve presente a uma das missas em Aparecida (SP). Se lá foi para fazer política ou dar satisfação aos milhões de eleitores católicos, que obviamente cobrarão dele uma definição, não foi boa coisa o que fez.
Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida (SP), no Dia da Padroeira, fez sua homilia pela manhã e deixou vários recados para Jair Bolsonaro. O presidente teve notícia da homilia, mas não a presenciou, pois só compareceu ao Santuário à tarde para assistir a uma das missas. 
Na realidade, o arcebispo nada fez além de renovar as críticas da Igreja Católica ao atual governo. Em dado momento, dom Orlando se referiu a Nossa Senhora Aparecida dizendo: “Mãe Aparecida, muito obrigado porque, na pandemia, a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro, que hoje te agradece de coração porque vacina, sim, ciência, sim, e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro”. Referindo-se ao Brasil, na mensagem aos brasileiros, continuou: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada. Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio, uma República sem mentira e fake news. Pátria amada sem corrupção”.
Esta e a próxima serão semanas de muita tensão. Provavelmente, o presidente reagirá ao relatório da CPI da Covid-19, que já sofreu vazamento, e sem que qualquer integrante da Comissão soubesse, elaborado pelo relator da Comissão presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Em princípio, deveria ter sido lido na terça-feira (19), mas que foi adiado, em razão, sobretudo, das divergências. Há divergências quanto aos indiciamentos e a tipificação dos crimes. O indiciamento do presidente e dos seus três filhos não conta com o apoio dos senadores que acreditam naquela máxima de que “tudo que é demais não existe”. 
O vazamento, todavia, noticiado pelo “O Estado de S. Paulo” de domingo, com certeza, foi a causa principal do adiamento, que, segundo o relator, senador Renan Calheiros (MDB/AL), será positivo: “O adiamento, disse, ajudará para termos mais tempo para conversar. Afinal, o parecer é da maioria. É coletivo. Não é individual”.
A verdade é que a discórdia já fez seu ninho. Só falta a ruptura do presidente da Comissão, Omar Aziz, com o relator, Renan Calheiros, para que se colha o maior fiasco da nossa história. Segundo o relatório, são 71 pessoas indiciadas, com a inclusão do presidente Jair Bolsonaro, ao qual estão sendo imputados 12 crimes, e seus três filhos – Flávio, senador pelo Rio de Janeiro, Eduardo, deputado federal por São Paulo, e, finalmente, Carlos, vereador também pelo Rio de Janeiro.

 

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