Acílio Lara Resende

Contra a má política ainda não há vacina

Seria bom imunizar políticos contra doenças morais

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 12 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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A vacina deu conta da pandemia, mas contra a má política, infelizmente, ainda não há vacina. Mesmo com a existência de casos e de mortes pelo coronavírus, especialistas já admitem que não há chance para nova onda de Covid. Quando uso o termo “política”, leitor, outrora tema de estudo e/ou de interesse de grandes homens públicos, não me refiro à complexa ciência, mas à sua prática ou aos humanos que a “negociam” não para promover o bem, mas para praticar o mal.

Disse-me, há dias, um velho amigo que o melhor é não sofrer com o vírus, mas surfar feliz da vida nessa onda de que estamos, finalmente, livres da pandemia ou, pelo menos, desta que se finda agora.

Que ele esteja certo! A pandemia já causou mal demais a milhares de pessoas. No Brasil, continuou ele, o risco de novo surto é improvável. Mas nada impede que nos cuidemos e sejamos prudentes. O seguro morreu de velho, completou em seguida. Fiquemos, pois, atentos.

Com a dissipação (ou diminuição) dessa tragédia que, sem aviso, desabou sobre a humanidade, muitas coisas estranhas de fato aconteceram nesses dois anos e pouco, algumas até hilárias.

Depois de mais de dois anos, que desabaladamente escorreram pelos dedos, e usando (como todos nós), disciplinadamente, a desagradável máscara, em todos os lugares por onde andei, foi-me difícil identificar algumas pessoas que não a usam mais, mas com as quais costumava me encontrar três ou quatro vezes por mês.

Isso se deu, por exemplo, numa instituição financeira. Ao me dirigir ao caixa, que estava de férias há 30 dias, não o reconheci imediatamente. Deparei-me, na realidade, com um desconhecido, mas que, não obstante, me cumprimentava alegre e efusivamente. Só depois de alguns segundos é que percebi que ele estava sem a máscara...

Seria bom que nossos cientistas descobrissem uma vacina capaz de imunizar nossos políticos contra doenças morais. A vacina seria obrigatória para os que desejam ocupar qualquer cargo público em nosso país – de vereador, de prefeito, de deputado estadual, de governador, de deputado federal, de senador e de presidente da República. Ela serviria para torná-los conscientes de que, na vida pública, a liberdade está em primeiro lugar e, depois, a prática do bem comum. E que o trabalho permanente deve ser o de suprir, na saúde, na educação e no emprego etc. as necessidades do povo que representa.

Poderia impedir, enfim, que ouvíssemos o que disse o presidente Bolsonaro sobre nosso processo eleitoral, para ele vulnerável, e que, por isso, “seu partido vai contratar uma empresa para fazer auditoria nas eleições”. Uma insanidade para a qual só há um remédio: ler a Constituição quantas vezes forem necessárias. E, depois, cumpri-la. É esse, só esse, o seu principal dever, presidente.

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