Acílio Lara Resende

É preciso entendimento para a viabilização da terceira via

“Os que têm bom senso têm que estar presentes


Publicado em 04 de novembro de 2021 | 03:00
 
 
 
normal

As notícias no mundo, mas, em especial, em nosso país, sejam sobre economia ou sobre política, não estão nada boas. Sobre a proposta de uma terceira via, por exemplo, nos causam angústia. O tempo corre, e cada vez mais vai ficando tarde para a viabilização de uma terceira via capaz de enfrentar a polarização (que só interessa aos dois) das candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro. Há pesquisas que indicam que Lula está em primeiro lugar e Bolsonaro, em segundo, mas 55% dos eleitores não escolheram seus candidatos. A radicalização dos dois candidatos é tal que poderá implodir o aparecimento de uma terceira via. O ano de 2022 poderá ser o retrato de 2018. Não é a maioria dos eleitores, que deseja o bem do país, que está ansiosa. O experiente ex-senador, pelo Rio Grande do Sul, por três décadas, Pedro Simon, aos 91 anos, se diz angustiado com a radicalização entre Lula e Bolsonaro e preocupado com o próximo pleito.

Sobre a pergunta se haverá unidade na terceira via, na entrevista que concedeu ao jornal “O Globo”, o ex-senador se mostra pessimista: “É muito difícil”, para depois dizer que “o MDB, que é um grande partido, ainda não tomou uma decisão, mas, na minha opinião, deve ter candidato”. O senador considera que há muita indefinição entre os muitos partidos políticos: “São 30 partidos, mas poucos têm representatividade. A maioria é sem conteúdo, sem ideias”, afirmou.

Para o ex-senador, a CPI da Covid-19, com certeza, levou os governos, nos três níveis, a agir. O presidente, segundo ainda o ex-senador, “poderia ter se tornado um grande herói, ter se esforçado e lutado contra a pandemia, que era a missão natural dele, mas passou a se colocar como um inimigo do combate à Covid-19”.

O provável candidato à Presidência da República pelo PSDB, João Doria, questionado se abriria mão da sua candidatura em favor de Sergio Moro ou de Luiz Henrique Mandetta, no caso de ser um deles o representante da terceira via, respondeu (em tese) que sim e ainda chamou a atenção para a indesejável fragmentação de candidatos.

Doria está certo. A fragmentação é tal que existem, hoje, a menos de um ano das eleições, assumida ou reservadamente, 11 candidatos, segundo a revista “Veja”: Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Arthur Virgílio (PSDB), Sergio Moro (sem partido), Rodrigo Pacheco (PSD), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Simone Tebet (MDB), José Luiz Datena (PSL) e Luiz Felipe D’Avila (Novo). Pode-se incluir na lista o gaúcho Alessandro Vieira, senador por Sergipe (Cidadania), que também alimenta o mesmo sonho.

A preocupação do experiente político com um pleito normal procede. Como também está correto quando diz que “aqueles que têm preocupação com a busca do bem comum têm que estar presentes para encontrarmos um entendimento. Os que têm bom senso têm que estar presentes. Não é possível a maioria ficar silenciosa”.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!