Já li, vi e ouvi tudo sobre as eleições do último domingo (2.10). Para quem queria emoções fortes, foi uma ótima oportunidade. As opiniões variam, e cada um de nós tem a sua, além, claro, dos jornalistas, comentaristas e cientistas políticos. E isso é mais do que natural. Assim é a democracia, que é o produto de um trabalho coletivo.
O regime político que escolhemos não veio para atender as minhas ou as suas expectativas, leitor, mas as expectativas do país, dos brasileiros. Por isso, dá trabalho e é tumultuado. Sua consolidação é lenta, exige paciência e muita determinação. Mas não há no cardápio outro melhor.
De tudo que li, vi e ouvi, cheguei à conclusão de que as pesquisas não erraram tanto, nem devem ser, a partir de agora, objeto de demonização. Em relação ao ex-presidente Lula, acertaram. Atribuíram-lhe, no dia 2.10, entre 50 e 51% dos votos. Lula obteve 48%.
O erro feio foi em relação ao presidente Bolsonaro, que, de acordo com grande parte das pesquisas, não passaria dos 37% dos votos, e ele obteve 43%. Um erro, de certo modo, aceitável. Eleição não é matemática.
Os institutos de pesquisa atribuíram uma frente de Lula sobre Bolsonaro de 10 a 14 pontos porque não conseguiram entender o silêncio de muitos dos que queriam uma terceira via. Captaram o sentimento dos que jamais optariam pela reeleição, mas não captaram o antilulismo e o antipetismo de boa parte da direita, digamos, democrática. Daí que saíram os votos em favor de Bolsonaro.
A direita, repito, considerada democrática, com grande parte conservadora nos costumes, teve (e tem) medo do “Lula 3”, que nada falou sobre o que de fato deseja para o Brasil. O medo dominou as urnas e Jair Bolsonaro cresceu.
Agora, a história poderá ser outra. Em primeiro lugar, é preciso dizer que Lula é o vitorioso, com mais de 6 milhões de votos na frente do seu concorrente, que teve 43%. Nas eleições que disputou no segundo turno, a diferença que obteve foi sempre menor.
Não será fácil, para Bolsonaro, ultrapassar o seu adversário. Penso que o eleitor de Lula no primeiro turno o será, também, no segundo. Mas não há dúvida de que no dia 30.10 poderá ocorrer, e talvez pela primeira vez, uma nova eleição. Tanto Lula poderá manter-se (ou crescer) quanto Bolsonaro poderá ultrapassá-lo e ser reeleito. Este usará tudo o que estiver ao seu alcance. Suas promessas de benefícios sociais, redução de tributos etc., como se sabe, terão impacto no Tesouro no valor de R$ 160 bilhões...
Finalmente, volto ao que me parece mais importante, e que está exatamente no título destas linhas. O Brasil precisa de paz, conciliação e desenvolvimento. Para isso, não há outro regime político senão o democrático, que busca (ou deve buscar) a satisfação de todos os brasileiros. O eleito no dia 30 só terá sucesso se agir dessa maneira.