ACÍLIO LARA RESENDE

Impossível entender o que hoje se passa no mundo

E, no Brasil, há uma sucessão de acontecimentos

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 18 de abril de 2019 | 03:00
 
 
 
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Não sei se algo me aconteceu de mais dolorido ainda, após tantos anos acompanhando o que se passa, em quase todos os setores da atividade humana, em meu país e no mundo. Minha curiosidade não me dá sossego, talvez me aflija mais. Em meu país, cheio de riquezas mil, há uma sucessão de acontecimentos, sobretudo em nossa prática política, quase todos desabonadores. Talvez me refira a alguns deles mais adiante. Essa tarefa não é nem um pouco agradável.

No mundo, o incêndio da Catedral de Notre-Dame, em Paris, parcialmente destruída, pela qual passam 13 milhões de turistas por ano, em cujo interior me ajoelhei mais de uma vez, construída entre 1163 e 1345, é algo absolutamente inexplicável. Tudo indica, até agora, que o fogo foi acidental. Diante do que o homem, ao longo de séculos, tem feito de mal a si mesmo, ainda não se pode descartar nenhuma hipótese. Ela passava por mais uma restauração. Perderam-se, com certeza, muitas obras de arte. Apesar de ter resistido a duas guerras mundiais e à Revolução Francesa, o maior símbolo católico da França vai precisar de muitos anos para ser totalmente reconstruído. Num desabafo, o presidente Emmanuel Macron, que tem passado péssimos momentos com os protestos violentos dos coletes amarelos, desabafou assim: “Parte de nós desabou junto com a catedral. Vamos reconstruí-la juntos”. Que a Europa se una e colabore nessa custosa reconstrução! 

Estamos em meados de abril, véspera do mês de maio, considerado o mês das flores. Desde criança, mas principalmente no meu tempo de estudante universitário, esses dois meses me forneciam a energia necessária para romper o ano e chegar, pelo menos, até o mês de maio vindouro. A vida tinha mais graça. Hoje tudo mudou. Na madrugada do dia em que escrevo estas linhas, da janela do meu quarto, observei como estava o tempo, na esperança vã de que, sob um céu totalmente azul, e sem um risco de nuvem branca, pontificasse o sol, que antes iluminava nossa caminhada e embalava nossos sonhos.

Para não fugir do dia a dia, pergunto-me: depois de tanto sofrimento, referir-me a quê mais? Às bizarrices de um governo que, ele próprio, se encarrega de divulgar? Ao desconforto do presidente da República com as “propostas liberais” do seu ministro da Economia? Aos 80 tiros de fuzil que mataram o músico Evaldo Rosa? Ou à explicação do presidente, depois de alguns dias, quando chamou o crime de “incidente”? Ou à recomendação de que o ministro da Defesa somente se pronuncie sobre o fuzilamento depois de concluída a perícia, a cargo dos próprios militares? Ou às tragédias provocadas pelas chuvas no Rio, consideradas acontecimentos corriqueiros pelo prefeito Crivella? 

Registro, enfim, a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que mandou retirar do site O Antagonista e de sua revista “Crusoé” reportagem sobre o ministro Dias Toffoli, presidente da Corte. Isso é censura. 

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