O dia não mudou. Continua tendo 24 horas; a hora, 60 minutos; o minuto, 60 segundos. Não é essa, porém, a sensação que tenho hoje. Para mim e para minha geração, sobretudo, o tempo de que dispomos está de fato acelerado. Nada justifica o que digo, embora existam cientistas que se dedicam a atestar exatamente o contrário. Não sei se chegarão a ser convincentes ou se apenas conseguirão tumultuar ainda mais a já estressada mente humana.
A senectude leva à percepção, com maior nitidez, de que o tempo urge. Isso provoca crise de angústia. Mas a vida só oferece uma única oportunidade – a de morrer velho. A outra, bastante dolorosa, quase cruel, e que não desejo para ninguém, é a de morrer jovem…
As transformações provocadas pelo mundo digital no dia a dia nos deixam não só intrigados, mas também amedrontados. De minha parte, nunca imaginei que a internet comandaria verdadeira revolução nos relacionamentos humanos, na informação, na cultura e na política. Esta padece, agora, de verdadeira campanha de demonização. A mentira, repetida mil vezes nas redes, transforma-se em verdade pura.
Muitos companheiros de geração negam-se a adotá-lo. Segundo dizem, defendem-se de um mal maior. Tornam-se, e sabem disso, alheios ao mundo no qual vivem, e a angústia, nesse caso, é ainda pior. O telefone celular é uma invenção diabólica, responsável pelo fim da privacidade, e estão sendo postas à prova a ética e a liberdade…
Preparava-me para escrever estas linhas semanais quando me vi atropelado por tecnologias e pensamentos malucos. O pior é que não saía da minha mente a crise por que passa o Brasil – um país que tem tudo para dar certo, mas que sempre perde as oportunidades.
Pelo voto, elegemos um presidente, mas estamos novamente à deriva. O que está em jogo agora é a sobrevivência do regime democrático, conquistado a duras penas. Prova disso é o bombardeio diário contra o Supremo Tribunal Federal como instituição.
Faço minhas palavras recentes do jornalista Fernando Gabeira: “Eleições não decidem tudo. Ainda mais uma falta de rumo dos vencedores, que chega a nos fazer temer que, na verdade, não tenham resolvido nada. Exceto mudar o rumo, da esquerda para a direita”.
Os radicais querem nos dividir entre os que são a favor e os que são contra a Lava Jato, como se fosse possível a alguém ser a favor da corrupção endêmica que se instalou há anos entre nós.
Paulo Guedes foi escalado para tentar controlar a crise entre o presidente Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Guedes só, porém, não basta. Bolsonaro tem que entender que, na reforma da Previdência, ele é o fiel da balança. Ou, apesar de deputado durante 27 anos, ainda não compreendeu o papel do Poder Legislativo?
“Fazer política” faz parte do seu papel, presidente!