Acílio Lara Resende

O novo presidente e o golpe de mestre

Bolsonaro, Lula e a eleição de 2022


Publicado em 15 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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Nesta última segunda-feira, 12.7, assustei-me ao ver e ouvir, leitor, nas televisões (conferi em várias delas), o que disse o presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a reunião que manteve, a convite do próprio, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Bolsonaro lembrou muito mais um “Novo Messias”, bem ao contrário daquele presidente que, no “cercadinho”, trata imprensa e os outros Poderes de maneira grosseira, não só cometendo ofensas de baixíssimo nível, mas emitindo sonoros palavrões, e desrespeitando não só o decoro, mas também cometendo crimes de responsabilidade.

Na entrevista coletiva comportada que deu aos jornalistas presentes chegou até a dizer, com fisionomia calma, que, diariamente, pela manhã, reza o pai-nosso”. E relembrou esta frase da bela oração, após tentar rezá-la por inteiro: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”. Só faltou dizer a primeira parte com mais contrição, pois é dela que ele precisa.

Infelizmente, não dá para imaginar que tenha ocorrido alguma mudança no presidente da República só porque se lembrou da bela oração. Ele só se conterá – não nos iludamos – se a sociedade brasileira, através dos que representam as instituições democráticas, reafirmar, em todas as oportunidades, o que disseram há dias o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente do STF, Luiz Fux. Foi tão suave na entrevista coletiva que, ao se referir ao ministro, afirmou: “Estamos perfeitamente alinhados para com a Constituição”.

Haveria o que comentar sobre o “Novo Messias”, mas não posso deixar de me referir ao que me levou a incluir, no título destas linhas, a expressão “golpe de mestre”. Este é o título, leitor, do artigo publicado pela jornalista Eliane Cantanhêde, no “Estado de S. Paulo”, no último domingo. Há tempos que queria tratar do assunto abordado por ela, que inclui a candidatura de Lula à Presidência da República.

Disse Eliane Cantanhêde que “se Bolsonaro acena com golpe, Lula devia dar um golpe de mestre: ser vice de união nacional. Lula terá 77 anos em 2022 e 81 em 2026, e tem sérios problemas de saúde”, acrescentou. Além disso – digo eu –, para quê, afinal, ser presidente três vezes de um país? Qual a justificativa se não a vaidade raivosa e/ou a vingança? Discordo da sua candidatura a vice. Concordo, sim, com sua presença entre os coordenadores de ampla frente democrática que enterre, politicamente, não só o presidente Bolsonaro, mas tudo aquilo que ele representa de ruim para nosso país.

Depois de duas vezes presidente da República, que deseja mais Lula? Só mesmo a vaidade das vaidades o leva a tentar o cargo pela terceira vez: “Vanitas vanitatum et omnia vanitas”. Nada mais.

Preste ao país já, Lula, o seu maior serviço!

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