Minas Gerais está sendo palco de uma tragédia anunciada. O Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), referência no atendimento de traumas e símbolo da resistência do Sistema Único de Saúde (SUS), está sendo dilapidado pelo governo Romeu Zema (Novo), que optou por terceirizar sua gestão. A justificativa? “Eficiência” e “modernização”. Mas a realidade é outra: o que se vê é um projeto cruel de desmonte do Estado e mercantilização da vida.

A entrega do HMAL à iniciativa privada não é um caso isolado – é parte de uma engrenagem neoliberal que transforma direitos em serviços pagos e vidas em estatísticas descartáveis. Sob o pretexto de “gestão eficiente”, o governo desmonta a rede Fhemig e abandona a população mineira à própria sorte. Quando o lucro se torna o critério principal, a vida do povo deixa de importar.

E quem mais sofre com isso são os de sempre: trabalhadores informais, mulheres negras, idosos, pessoas periféricas – cidadãos que dependem exclusivamente do SUS e que agora veem seus direitos ameaçados. O fechamento do bloco cirúrgico do HMAL desde dezembro de 2024 não foi apenas um problema técnico: foi um ataque direto à saúde pública. Pacientes com fraturas graves foram empurrados para corredores lotados, muitos esperando dias – ou semanas – por cirurgia. O Ministério Público atestou: 75% das cirurgias deixaram de ser feitas. Isso não é ineficiência. É omissão. É violência institucionalizada.

É necropolítica. Como explica o filósofo Achille Mbembe, a necropolítica é a gestão da morte: é o Estado decidindo quem vive e quem morre. E em Minas Gerais o recado é claro – a vida da população negra e pobre não importa. O sucateamento do HMAL revela essa lógica perversa: o governo abandona um hospital essencial, que atende majoritariamente a periferia de Belo Horizonte, promovendo a exclusão de quem já é historicamente marginalizado.

Mas nós não vamos aceitar isso caladas. Defender o HMAL é defender o SUS. É defender que a saúde seja um direito, e não um privilégio. É garantir que nenhuma mulher negra precise escolher entre cuidar da saúde e alimentar seus filhos. É lutar para que nenhum jovem trabalhador perca a perna – ou a vida – por falta de cirurgia.

O povo mineiro merece uma saúde pública forte, gratuita e de qualidade. Não vamos permitir que o governo privatize o que é do povo. Ocupamos a Assembleia Legislativa com coragem, ao lado das trabalhadoras e trabalhadores da saúde, dos movimentos populares, dos sindicatos e de cada cidadã que se recusa a morrer no silêncio.

Enquanto houver injustiça, haverá resistência. E nós seguiremos lutando por um SUS que salve vidas – todas as vidas.