Qualquer crise, necessariamente, nos deixa diante de uma bifurcação valiosíssima: ou nos moldamos aos retrocessos ou nos agigantamos para alcançar nossos sonhos. A história nos confirma a viabilidade dessas duas veredas.
Entre os muitos exemplos de superação, chama-me atenção o da Coreia do Sul. De forma muito breve, o país estava devastado pós-Segunda Guerra Mundial. A pobreza era comum. A renda média dos cidadãos daquele país era metade da recebida pelos brasileiros.
Em algumas décadas, uma nação que possuía 25% da nossa população passou a ter um IDH altíssimo e uma das menores taxas de mortalidade infantil do planeta. O legado desse pequeno país asiático pode ser a bússola que nos guiará pelo caminho do progresso.
A crise da Covid-19 escancarou uma ferida que o Brasil nunca conseguiu sarar: geração de emprego e renda. O vírus não provocou sozinho o desemprego em massa, apenas evidenciou uma fenda profunda.
Esse é o resultado irrefutável de um Estado que, por décadas, ganhou dimensões cada vez mais robustas.
Como todos nós sabemos – dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Assim, para alimentar um Estado inflado e poderoso, a sociedade enfraqueceu-se ao perder para a administração pública seus nutrientes mais básicos. Sugou-se a seiva da criatividade, da força e, principalmente, da esperança dos brasileiros.
No terreno em que deveria florescer negócios e empregos, vimos brotar leis burocráticas e normas ultrapassadas.
A Coreia do Sul, pelo contrário, acreditou na força propulsora do empreendedorismo e da inovação. Cedeu espaço para o que o cidadão reerguesse os muros do país com a força do trabalho. Eles brilham a frente de empresas multinacionais que geram emprego em muitas nações do mundo.
Isso apenas foi possível porque a Coreia compreendeu que seus cidadãos não eram vítimas, mas tão somente a chave para estabelecer uma nação próspera e justa.
Hoje, o Brasil apresenta um saldo negativo de postos de trabalho. Apenas no mês de abril, perdemos 860 mil vagas. A taxa de desemprego, conforme pesquisa do PNAD chega a 12,6%. A FGV estima que até o final do ano haverá um aumento de 6%. São 226 mil empregadores a menos, sete ramos de atividade com ocupação retraída e mais de 28 milhões de pessoas subutilizadas.
Não obstante aos auxílios, as linhas de crédito e aos mais de 8 milhões de acordos firmados com base da Medida Provisória 936, desalentados e desempregados chegam a quase 20 milhões de pessoas.
20 milhões de sonhos.
Somos reféns dessa realidade? De forma alguma. Eu me orgulho da incrível habilidade que nós, brasileiros, temos de reinventar, de construir e de crescer. Nesta bifurcação, eu sigo na trilha de que as “mãos não tão invisíveis do Estado” deem espaço para o protagonismo dos brasileiros.
Fácil não será, mas somos filhos que não fogem à luta!