Publiquei minha última coluna em O TEMPO, “Preciso de um tempo”, em abril de 2017 – busquem no Google. Lá eu disse que precisava de um tempo para desintoxicar a mente porque estava cansado da politicagem nefasta e do desconhecimento intelectual dos esquerdopatas, fortemente alimentados pelas mentiras e ganância de alguns veículos de mídia e pela fome de poder do establishment.
Hoje, escrevo como um “ombudsman”, pois, se O TEMPO e Super Notícia detêm 90% do mercado de jornais em Minas, é porque nasceram com um projeto inovador e independente, portanto é de acordo com esses ideais que gostaria de ver a Sempre Editora crescer ainda mais, em todos os seus segmentos.
Vamos lá: há algum tempo tenho me incomodado com alguns artigos contra o presidente Bolsonaro. Neles vejo a insistência em narrativas, certamente não falaciosas, porém errôneas, em minha opinião. Nada pessoal contra qualquer um dos citados, pois certamente são pessoas de boa índole, mas a discordância construtiva é um dos pilares da democracia e deve ser uma constante em qualquer mídia que se leve a sério.
Citando apenas as duas últimas semanas, leio, nas colunas de Márcio Coimbra, a defesa do afastamento de Bolsonaro, por não ter nenhum apreço pela democracia. E também que, dependendo do movimento, Lula poderia vencer ainda no primeiro turno, caso venha a se colocar no centro, com um vice que agrade aos mercados e aos moderados. É sério isso? Dependendo do movimento, tem gente sugerindo a volta do psicopata, também considerado o maior ladrão do planeta, para reprisar, certamente com mais veemência, toda a tragédia socioeconômica que plantou no país?
Essa percepção está ainda mais presente nos artigos de Acílio Lara Resende, que costuma escrever estultices como a de que Bolsonaro é um golpista que se inspira na direita internacional e quer acabar com a democracia para ter o país a seus pés, chegando ao absurdo de concordar com outro jornalista que sugeriu a volta de Lula como vice-presidente. Acílio parece acreditar que os donos da razão são os defenestrados membros do STF, que não respeitam a liberdade de opinião e premiam a corrupção. O articulista demonstra ser um grande leitor de Eliane Cantanhêde, entre outros que se retorcem em narrativas infundadas.
Tem também a psolista Iza Lourença, que insiste no encardido discurso de não permitir “que o fascismo ocupe livremente o país com ameaças golpistas”. De que caverna obscura eles tiram isso?
Discordo também de Paulo César de Oliveira, que, além de criticar o presidente, parece torcer por Doria na rampa do Planalto, e ainda outros, como Ricardo Corrêa, que opinou sobre a carta de Bolsonaro após a pacífica manifestação de 7 de Setembro, como sendo uma “rendição”, sem entender que o pseudorrecuo foi um louvável ato economicamente estratégico em prol do país, e não uma tentativa de, como disse, “concluir seus quatro anos de mandato devido às suas poucas chances de se reeleger”.
Tem ainda artigos de Flávio Saliba, Paulo Diniz, entre outros, que também parecem não estar acompanhando o andar de nossa história. Será que toda essa turma só se alimenta com o que é publicado no “Estadão”, “Folha”, “O Globo” entre outros veículos da “velha imprensa”? Será por isso que às vezes os sinto perdidos entre a realidade dos fatos e a fantasia do histerismo retórico? Não entenderam o colossal clamor dos milhões de pessoas nas ruas em todo o país, na maior manifestação democrática de nossa história?
Ora, meus caros, o povo se vestiu de verde e amarelo porque exige respeito à Constituição, o que não vem acontecendo há muito, e não pelo presidente, que luta para defendê-la contra grande parte da imprensa tradicional e o poder do establishment, além de artistas, sindicatos, ONGs e intelectuais de araque, que nada mais fazem do que defender seus próprios interesses.
E é por tudo isso que tenho sido questionado se O TEMPO já é “um jornal de esquerda que não quer perder a boquinha”, mesmo estando integrado a um dos maiores grupos privados do país.
Em minha opinião, para superar esse falso estigma, e até mesmo para não perder leitores, o jornal deveria abrir espaço para jornalistas que, comprometidos com a verdade, a independência e a liberdade, estão conquistando o grande público com um crescimento exponencial nas diversas mídias digitais. Mesmo com muitos deles sendo chamados pela imprensa tradicional de “blogueiros de YouTube”, com a óbvia intenção de diminuí-los, por medo de seu sucesso, é claro.
Para reforçar sua veia de independência editorial, os jornais da Sempre Editora deveriam abrir mais espaço para artigos de alguns liberais e conservadores, criando assim um salutar e democrático ambiente com diversidade de pensamentos. Também seria interessante pensar em um modelo de programação para a TV O Tempo e a rádio Super 91,7 FM com debates entre todos os que citei acima contra apenas um dos que defendem o oposto do que escrevem. Poderiam convidar, por exemplo, a deputada Carla Zambelli, o senador Marcos Rogério, o jovem vereador Nikolas Ferreira, e debatedores fora do campo político, como Rodrigo Constantino, Cristina Graeml, Ana Paula Henkel ou Bruna Torlay.
Tem muita gente altamente qualificada na avalanche das redes, como eles, por exemplo, do “Pingo nos Is”, ou do “4 por 4”, com profissionais experimentados que enxergam com clareza o que está acontecendo e se recusam a assistir impassíveis à tentativa do sistema de preservar uma estrutura econômica e social falida, criada e sustentada para nos manter socialmente oprimidos. Em tempos de falsas retóricas, inversão de narrativas, deturpação de valores e crescente descrença na mídia tradicional, é bom que os articulistas saiam da bolha e descubram que nós, o povo, não somos os “fanáticos imbecilizados” citados por William Waack.
O TEMPO e os demais veículos da Sempre Editora nasceram corajosos, audaciosos e democráticos, e a simples publicação deste texto demonstra isso. No grupo não existe espaço para o encolhimento frente aos desafios, e um reforço em seus pilares liberais, abrindo mais espaço para a discordância construtiva, só tende a fortalecê-lo.