O recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que, em 2021, o número de feminicídio reduziu 1,7%, em relação a 2020. Apesar da queda, os números ainda assustam, pois são altos e reverberam outros tipos de violência contra as mulheres. Dentre elas estão ameaças, estupros, violência psicológica, perseguições e, até mesmo, tortura.
O levantamento revela outro dado de extrema preocupação: a cada sete horas, uma mulher é vítima de feminicídio. Isso significa que três mulheres são mortas por dia, apenas por serem mulheres. Os dados mostram a urgência de nos unirmos para combater essa epidemia social.
Estamos em agosto, onde celebramos o Agosto Lilás, um mês dedicado ao enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Com abrangência nacional, a campanha, que iniciou em 2016, tem como objetivo intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, assim como sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) vem contribuindo ativamente para que campanhas promovam a reversão deste quadro de violência. Caminhamos lado a lado com as forças de segurança e entidades que se propõem a combater esse mal. Em março deste ano, em parceria com a Polícia Civil, inauguramos a Casa da Mulher Mineira, um espaço para atender as ocorrências de demanda espontânea das vítimas de violência doméstica, familiar e sexual, garantindo um acolhimento humanizado e mais rápido em um local projetado especialmente para essa finalidade.
As mulheres são atendidas por uma equipe de policiais e servidores de diversas áreas de formação, como psicólogos e assistentes sociais, treinados para orientar, encaminhar e acolher todas as demandas da mulher em situação de violência. Uma média de 35 mulheres são atendidas diariamente no espaço.
Localizada na avenida Augusto de Lima, 1.845, região Centro-Sul, a Casa da Mulher Mineira possui 12 salas planejadas para proporcionar um atendimento eficiente. Na unidade, as vítimas de violência doméstica e familiar podem solicitar medidas protetivas de urgência e acompanhamento até a residência para retirada de seus pertences em segurança (roupas, documentos e medicamentos).
Recebem a guia de exame de corpo de delito, realizam a representação criminal para devida responsabilização do agressor e são encaminhadas para casas abrigo, serviços de atendimento psicossocial e orientação jurídica na Defensoria Pública.
Aprimoramos o atendimento deste equipamento com a inauguração do Espaço Reviver, que visa suprir algumas necessidades daquelas vítimas que precisaram abandonar seus lares às pressas, apenas com as roupas do corpo. O espaço tem como objetivo o resgate da autoestima das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, em um ambiente acolhedor, proporcionando oportunidades para se reerguer e começar uma nova vida.
Roupas, sapatos, material de higiene pessoal e outros objetos estão disponíveis às mulheres que, por conta da violência, perderam ou tiveram seus bens inutilizados.
Em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social promovemos o “Banco de empregos – A Vez Delas”, para inclusão de mulheres em situação de violência doméstica no mercado de trabalho.
Junto ao comércio, encontramos um poderoso aliado nesta luta. Apoiamos e ajudamos na implantação da “Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica”, na qual distribuímos cartazes, convocamos e orientamos lojistas e colaboradores a participarem.
De forma gradual e constante vamos ampliando nossa participação neste movimento necessário e urgente. Temos como propósito fazer de Belo Horizonte o melhor lugar para se viver. Acredito que ele também possa ser encarado como um compromisso social, pois zelar pela vida é um dever de todos nós.
Precisamos nos unir e proporcionar a essas mulheres condições para romper o ciclo de violência e se reencontrarem como cidadãs, mães, filhas, trabalhadoras e tudo o mais que desejarem. Assim como nos unimos por tantas causas, vamos nos unir em torno dessa epidemia silenciosa que vem ceifando vidas, sonhos e famílias.
*Marcelo de Souza e Silva é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH