Artigo

Feminicídio: combater essa epidemia é dever de todos

Atuação das entidades para combater a violência contra a mulher

Por Marcelo de Souza e Silva
Publicado em 22 de agosto de 2022 | 03:00
 
 
 
normal

O recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que, em 2021, o número de feminicídio reduziu 1,7%, em relação a 2020. Apesar da queda, os números ainda assustam, pois são altos e reverberam outros tipos de violência contra as mulheres. Dentre elas estão ameaças, estupros, violência psicológica, perseguições e, até mesmo, tortura.

O levantamento revela outro dado de extrema preocupação: a cada sete horas, uma mulher é vítima de feminicídio. Isso significa que três mulheres são mortas por dia, apenas por serem mulheres. Os dados mostram a urgência de nos unirmos para combater essa epidemia social.

Estamos em agosto, onde celebramos o Agosto Lilás, um mês dedicado ao enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Com abrangência nacional, a campanha, que iniciou em 2016, tem como objetivo intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, assim como sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) vem contribuindo ativamente para que campanhas promovam a reversão deste quadro de violência. Caminhamos lado a lado com as forças de segurança e entidades que se propõem a combater esse mal. Em março deste ano, em parceria com a Polícia Civil, inauguramos a Casa da Mulher Mineira, um espaço para atender as ocorrências de demanda espontânea das vítimas de violência doméstica, familiar e sexual, garantindo um acolhimento humanizado e mais rápido em um local projetado especialmente para essa finalidade.

As mulheres são atendidas por uma equipe de policiais e servidores de diversas áreas de formação, como psicólogos e assistentes sociais, treinados para orientar, encaminhar e acolher todas as demandas da mulher em situação de violência. Uma média de 35 mulheres são atendidas diariamente no espaço.

Localizada na avenida Augusto de Lima, 1.845, região Centro-Sul, a Casa da Mulher Mineira possui 12 salas planejadas para proporcionar um atendimento eficiente. Na unidade, as vítimas de violência doméstica e familiar podem solicitar medidas protetivas de urgência e acompanhamento até a residência para retirada de seus pertences em segurança (roupas, documentos e medicamentos).

Recebem a guia de exame de corpo de delito, realizam a representação criminal para devida responsabilização do agressor e são encaminhadas para casas abrigo, serviços de atendimento psicossocial e orientação jurídica na Defensoria Pública.

Aprimoramos o atendimento deste equipamento com a inauguração do Espaço Reviver, que visa suprir algumas necessidades daquelas vítimas que precisaram abandonar seus lares às pressas, apenas com as roupas do corpo. O espaço tem como objetivo o resgate da autoestima das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, em um ambiente acolhedor, proporcionando oportunidades para se reerguer e começar uma nova vida.

Roupas, sapatos, material de higiene pessoal e outros objetos estão disponíveis às mulheres que, por conta da violência, perderam ou tiveram seus bens inutilizados.

Banco de empregos auxilia inclusão de mulheres em situação de violência doméstica

Em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social promovemos o “Banco de empregos – A Vez Delas”, para inclusão de mulheres em situação de violência doméstica no mercado de trabalho.

Junto ao comércio, encontramos um poderoso aliado nesta luta. Apoiamos e ajudamos na implantação da “Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica”, na qual distribuímos cartazes, convocamos e orientamos lojistas e colaboradores a participarem.

De forma gradual e constante vamos ampliando nossa participação neste movimento necessário e urgente. Temos como propósito fazer de Belo Horizonte o melhor lugar para se viver. Acredito que ele também possa ser encarado como um compromisso social, pois zelar pela vida é um dever de todos nós.

Precisamos nos unir e proporcionar a essas mulheres condições para romper o ciclo de violência e se reencontrarem como cidadãs, mães, filhas, trabalhadoras e tudo o mais que desejarem. Assim como nos unimos por tantas causas, vamos nos unir em torno dessa epidemia silenciosa que vem ceifando vidas, sonhos e famílias.

*Marcelo de Souza e Silva é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!