Decidi escrever sobre o Dia Internacional das Mulher, literalmente “manifestado” mundo afora nesta semana que passou, e até pensei em falar sobre tópicos básicos, “por mais direitos iguais”, “todo dia é dia da mulher” etc., mas decidi dar outra abordagem, apesar de achar que esses itens trazem verdades indiscutíveis.

Manifestações aconteceram aos montes, e elas são válidas, necessárias e essenciais. Na visão sistêmica de mundo, organizam uma esfera sutil da vida. Nessa abordagem, todos pertencem, todos são parte e todos precisam ser respeitados por seu lugar de existência, e isso já é conhecido. De maneira invisível, constante e muito precisa, o sistema se regula e se auto-organiza quando existe qualquer exclusão praticada abertamente ou realizada de maneira subliminar a um de seus membros. Manifestações pelo reconhecimento de certos grupos são um exemplo da busca de compensação.

O contexto do mundo nos mostra que sempre se excluiu gente, seja por questões de gênero, idade, raça, nacionalidade, opção afetiva ou ideologias políticas, religiosas e sociais. Eu já presenciei discriminações e exclusões absurdamente banais no meu cotidiano esportivo, ocorridas em consequência do desgaste de um tênis que deveria ser novo ou de uma malha que é repetida na semana. A lista é grande.

Ainda sobre exclusão, e já nos dando um novo panorama sobre ela, a advogada e professora universitária Ruth Manos, na brilhante palestra “A escalada dos vulneráveis” , descreve com estupenda precisão o que é nascer vulnerável e ter que fazer um esforço bem maior para alcançar lugares na vida aonde outros (os não excluídos) chegam com apenas um passo.

Fiquei chocada porque me vi descrita nessa palestra e descobri que grupos vulneráveis nem sempre precisam ser minoria. Eu não só faço parte desses grupos, como nasci com essa desvantagem tatuada na alma – sou mulher. E vou te contar: ser vulnerável é um grau que antecede o ponto máximo de exclusão, que é “você não deve fazer parte”. Afirmo isso com muita convicção.

No seu livro “Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas”, Ruth Manus nos desperta para humanidades óbvia e invisivelmente feridas. Essa obra, juntamente com as manifestações, também regula o sistema, porque não só nos alerta, como reconhece a nós, mulheres, como pertencentes ao sistema de vida do mundo, fato que deveria ter ocorrido desde sempre.

Na visão sistêmica de mundo, o campo energético nos informa e promove ajustes a todo momento também. Sabemos que, para serem feitos, esses ajustes gastam energia e usam tempo valioso de nossas vidas. Enquanto buscamos compensações, deixamos de lado a oportunidade de vivermos livres de emaranhados e de alianças invisíveis.

Se eu pudesse, ensinaria a cada um como mudar esse rumo, mas há gente demais no grupo dos vulneráveis e milhares no dos privilegiados, e cada um tem seu papel nesse sistema. Quem sabe o conteúdo deste texto alcance mais gente e traga resultados? Só você para me responder.