A pandemia do coronavírus criou um pandemônio mundial. Até que se passe esta crise sem precedentes, somos obrigados a rever e adaptar hábitos cotidianos em benefício da nossa sobrevivência e da de todos. Para alguns, a tecnologia facilitou o trabalho em isolamento social, mas muitos têm que continuar na linha de frente, principalmente os que trabalham com transportes, alimentação, saúde, segurança etc. Esses são nossos heróis.
Da mesma forma, a política e a Justiça não podem parar. São mecanismos essenciais para garantir a sobrevivência de grande parte da sociedade, pois apontam caminhos e possuem poder de decisão. Neste aspecto, o prefeito de BH primou por decisões antecipadas, baseado nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Sei que o momento é difícil, mas é preciso ousar mais. É preciso cuidar também da sobrevivência dos terceirizados do serviço público. Gente imprescindível como os educadores da Escola Integrada, por exemplo, que precisam continuar a receber vales-alimentação, essenciais para a sua sobrevivência. É preciso colocar a vida das pessoas acima da legislação, pois vivemos tempos extraordinários. No que se refere ao Legislativo, podem contar com meu apoio.
Já enviei uma proposta para que a Mesa Diretora da Câmara Municipal, em vez que acumular recursos economizados e devolvê-los ao fim do exercício anual (foram R$ 56,7 milhões estornados no início de 2020), o faça mensalmente e direcionado para o setor da saúde (aquisição de respiradores mecânicos e outros insumos para o combate da epidemia) e da assistência social. É fundamental que o Estado exerça seu papel de indutor de políticas públicas.
Por isso, considerei como casuísta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) protocolada nesta semana no Congresso para transferir as eleições municipais para 2022 e estender a duração de mandatos. Se as medidas de quarentena e restrição durarem até setembro, o adiamento é inevitável. Mas não é matéria para ser discutida antes que as coisas voltem ao seu lugar.
Este é o momento de atender as determinações da OMS, de enfrentarmos os egoístas e os ignorantes e de refletirmos sobre a solidariedade e sobre o que cada um deve fazer pelos outros. Se existe um legado a ser deixado pela pandemia é que andávamos alheios sobre a importância de investimentos na pesquisa, na saúde e na educação, em nossa população idosa e na importância da vida se sobrepondo ao lucro e à economia.
Tenho certeza de que esta crise passará, como tantas outras que ocorreram em nossa história. Mas precisamos retomar o projeto de uma sociedade mais humana, fraterna e que inclua de fato todos e todas. “De cada um, segundo suas capacidades; a cada qual, conforme suas necessidades”.