Se todos os dias, aproximadamente 830 mulheres morrem no mundo por causas relacionadas à gestação e ao parto, segundo a Organização Mundial de Saúde, especialistas temem que esse número aumente ainda mais diante do atual contexto. Especialistas estimam que, mais de 50 mil mortes maternas adicionais poderão ocorrer, por causas não relacionadas à Covid-19, caso o cuidado obstétrico seja abandonado durante a pandemia.
O dia 28 de maio marca o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna e o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. A data vem nos lembrar a importância da permanência do acompanhamento pré-natal, dos cuidados no parto e no pós-parto neste momento de isolamento social. Além disso, essa data remete a necessidade de um planejamento reprodutivo adequado, que garanta uma gravidez saudável, no momento mais oportuno da vida da mulher.
Atualmente, muitas gestantes estão deixando de fazer suas consultas de pré-natal ou ir ao hospital quando necessitam, por medo de serem contaminadas. Contudo, é importante alertar sobre os riscos de não realizar o pré-natal adequadamente, deixar de fazer os exames necessários ou evitar ir ao hospital quando necessitar.
É por meio das consultas e exames de rotina que o médico poderá avaliar o desenvolvimento do feto e a saúde da mãe, repassando as orientações mais adequadas para cada fase do desenvolvimento. As consultas podem ter intervalo maior entre uma outra, a depender de cada caso, mas não podem ser negligenciadas.
Os trabalhos mostram um aumento da mortalidade materna e de suas crianças quando esses cuidados não estão disponíveis. O atraso na decisão de uma gestante ou de sua família de procurar o serviço de saúde na gravidez quando necessita pode ser sério, assim como a ausência de meios de transporte ou financeiros para uma gestante realizar seu pré-natal ou mesmo ter seu parto em uma maternidade. É essencial ainda ter hospitais preparados para atender a mulher nos seus diversos momentos da gravidez.
Durante a pandemia, há situações que devem se manter no radar da gestante, especialmente se o acompanhamento pré-natal for feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É válido ter em mãos os contatos do posto de saúde mais próximo para sanar eventuais dúvidas sobre consultas e exames e, assim, evitar o deslocamento desnecessário até a unidade básica de saúde. Havendo a necessidade do deslocamento, o alerta é para redobrar os cuidados contra a contaminação pelo novo coronavírus.
Gestantes prestes a entrar em trabalho de parto devem ficar atentas quanto ao tempo de deslocamento até uma maternidade de referência, levando-se em conta o número reduzido do transporte coletivo circulando na cidade. Principalmente nesses casos, quanto antes se dirigir ao hospital, melhor. Ressalta-se que o parto dentro de um hospital ainda é o local mais seguro.
Em tempos normais, a maioria das mortes maternas ocorrem em países em desenvolvimento e são preveníveis. As principais causas são a hipertensão na gravidez (pré-eclâmpsia e eclâmpsia); as hemorragias graves, principalmente após o parto; e infecções, especialmente após abortos inseguros. No Brasil, as três principais causas de mortalidade materna são, respectivamente, hipertensão, hemorragia e infecção. Já em Minas Gerais, como no restante do mundo, hemorragia vem em primeiro lugar, seguida de hipertensão na gravidez.
Até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, a meta mundial é reduzir a taxa global de mortalidade materna para menos de 70 por cada 100 mil nascidos vivos. Para que isso aconteça, cada país tem a sua meta. No caso do Brasil, espera-se reduzir para menos de 30 em cada 100 mil nascidos vivos. Para isso, um pré-natal adequado, o parto seguro e os cuidados após o nascimento com a mãe e a criança são essenciais. Agora, mais do que nunca.