O ex-presidente Itamar Franco, ao assumir o governo de Minas, se deparou com uma dívida de R$ 18 bilhões, um déficit previdenciário mensal de R$ 60 milhões, restos a pagar não quitados e o 13º dos servidores sem pagamento, resultado de uma gestão financeira desastrosa e irresponsável.
Na ocasião, dizia ele que era preciso buscar “meios, recursos e agentes”, não apenas para atrair investimentos e gerar empregos, mas também para elevar a renda dos mineiros, tendo como prioridade o estímulo ao desenvolvimento regional, além de iniciativas para reverter a situação falimentar de um Estado refém da produção e exportação de commodities.
Para tanto, Minas deveria se fazer ouvir no cenário nacional para o estabelecimento de um novo pacto federativo, buscando a distribuição equilibrada de recursos entre os entes federados, a renegociação da dívida com a União e o exercício de sua competência concorrente na questão previdenciária.
A equalização do sistemático déficit previdenciário, diante da insuficiência dos ativos de cobertura do plano de benefícios dos servidores, tornou-se imperativo para a garantia do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como para o fim da dicotomia na gestão de recursos da concessão de benefícios previdenciários e aqueles do Orçamento.
Para a consecução desse objetivo, Minas questionou judicialmente a “reforma da Previdência” e instituiu o Funpemg, gerido pelo Ipsemg em parceria com os servidores, nos moldes capazes de atender aos interesses do Estado e à segurança dos servidores e suas famílias, sendo o fundo previdenciário capitalizado de forma gradativa e progressiva, acumulando reservas da ordem de R$ 3,2 bilhões.
De forma contrária, diante da extinção ilegal do Funpemg e acirramento da crise fiscal, fazendo explodir o déficit previdenciário, o Executivo atual faz opção, como única alternativa, pela adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, para impor aos servidores públicos do Executivo, já massacrados por uma política que pretende amarrotar direitos e conquistas históricas da categoria, uma condição de miseráveis.
Os servidores têm consciência de que as maldades forjadas por atores estranhos ao Estado, sejam cariocas ou paulistas, que se aproveitam do silêncio e da subserviência dos mineiros, não se reverterão em solução.
Diante da constatação de que os mineiros são liderados por um governo inexperiente, incapaz, fechado à participação e que só enxerga solução no mercado, os servidores construíram alternativa, propondo o resgate do Funpemg, para instigar o debate no processo legislativo e confrontar a única escolha do Executivo, qual seja ,a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, abafando a “voz de Minas”.