Opinião

Nova responsabilidade

As empresas diante do coronavírus

Por Flávio Vinte
Publicado em 29 de março de 2020 | 03:00
 
 
 
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As exigências da sociedade atual em relação à postura das empresas têm transformado o universo dos negócios. A premissa de que o único valor de uma organização é dar lucro, conforme apontou o economista Milton Friedman – que, por muito tempo foi adotada por diversos empresários – precisa ser diferente nos dias de hoje. Pois, a comunidade e os clientes têm cobrado atitudes que vão além do retorno financeiro. As grandes corporações norte-americanas, por exemplo, já compreenderam que o lucro, agora, é uma consequência.

Um exemplo foi dado no ano passado, pelos participantes do Business Roundtable, que reúne executivos das 181 maiores corporações dos EUA. Eles compartilharam um documento baseado em cinco diretrizes: investir nos funcionários e recompensá-los; entregar serviços ou bens de valor aos clientes; negociar de forma justa e ética com os fornecedores; apoiar as comunidades em que as empresas estão inseridas e gerar rentabilidade de longo prazo para acionistas. Essa atitude mostra uma nova postura.

Participar ativamente como agente transformador e inspirador de boas causas passou a ser fundamental para a atividade empresarial. Um estudo realizado no Brasil, no fim de 2019, pelo Instituto Ipsos, comprova isso. Em um universo de 1.200 entrevistados, 77% afirmaram esperar que as empresas contribuam mais com a sociedade.

E não se trata de algo exclusivamente brasileiro. De acordo com o professor da Universidade de Harvard Michael Porter, as empresas precisam redefinir seus propósitos para criar “valor compartilhado”, ou seja, produzirem valor econômico para elas e para a sociedade.

Em tempos de coronavírus, por exemplo, é essencial não olhar apenas para o próprio umbigo, é preciso compreender como cada um pode afetar a vida de outras pessoas e agir de modo responsável para não aumentar ainda mais os danos já causados a sociedade por essa pandemia. No caso das organizações, além de cuidar dos seus funcionários, elas devem auxiliar a comunidade onde se insere e os consumidores de seus produtos ou serviços.

Incentivar a mudança para um novo mundo, mais justo e corresponsável, é o que o consumidor espera das empresas para transformá-las em referência pessoal. Atuar em conformidade com as regras ambientais, adotar uma postura de acolhimento às diferenças e estimular a cocriação, também são valores que, dia após outro, aumentam o valor de uma companhia.

Destacam-se nesse cenário quem pratica o capitalismo consciente, quem têm responsabilidade com o todo, especialmente em momentos como esse. Mas, agora, quando o mundo todo sofre com os efeitos dessa pandemia, é essencial responsabilidade e envolvimento de todos, empresas ou pessoas

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