Janeiro de 2020: secas e incêndios florestais matam 1 bilhão de animais na Austrália, geleiras derretem na Antártida, e um “ciclone tropical”, fenômeno meteorológico que desconhecíamos, causa um recorde histórico de chuvas em BH.
Não há mais como desconversar, imputar a um fantasioso “marxismo cultural” mudanças climáticas evidentes. É hora de tomarmos uma atitude.
Como na história do beija-flor que luta bravamente para apagar o incêndio na floresta, podemos contribuir com soluções individuais. Uma delas é adotar novos hábitos, que depois se tornam coletivos, como abolir completamente o uso dos sacos plásticos.
Desde a década de 1980, tudo o que é comprado no supermercado, na farmácia ou na venda da esquina já é automaticamente embalado.
BH colocou-se na vanguarda da discussão ambiental quando, em 2008, aprovou uma lei que proibiu as sacolas plásticas no comércio, reduzindo substancialmente o entupimento das redes pluviais e esgotos.
Uma intromissão enviesada do Ministério Público, no entanto, sustou a vigência da lei, interrompendo a volta gradual das sacolas retornáveis de pano e uma discussão essencial sobre o descarte de outros lixos como garrafas PET, isopor, pilhas, baterias eletrônicas etc., que ganhava corpo na época, já que mudanças de comportamento de consumo são impossíveis sem a existência de políticas públicas construídas pelo povo, por meio de um poder público participativo.
Mas se perdemos essa batalha, a guerra ainda não foi decidida. Há muitos outros projetos tramitando na Câmara Municipal, que mudam o modelo tradicional de cidade, que já se mostra exaurido. A cobertura de córregos e cursos d’água remanescentes e recuperação de nascentes e margens ciliares, por exemplo.
Aprovada em primeiro turno, essa proposta pretende sepultar a velha engenharia do concreto armado que transformou os rios em meros esgotos e vias de tráfego rápido. Quem sabe, no futuro, essa lei inspire iniciativas afinadas com as grandes cidades europeias e asiáticas, que despoluem e restabelecem seus rios urbanos?
Outro projeto em tramitação no Legislativo de BH propõe uma faixa permeável na pavimentação das vias públicas, minimizando assim os alagamentos que se tornam constantes em BH, além de recompor lençóis freáticos.
O asfaltamento recente de ruas calçadas com pedras, nos tradicionais bairros Santa Tereza e Sagrada Família, revela que a velha filosofia de impermeabilizar a cidade ainda continua muito viva entre os engenheiros municipais.
Com isso, há uma elevação da temperatura média em BH e um aumento dos alagamentos, como vimos neste ano.
O futuro não é o lugar aonde chegaremos, mas o caminho que escolhemos no presente. O futuro é uma decisão no agora.