A metacognição se apresenta como uma poderosa ferramenta para impulsionar a educação. Ao desenvolver habilidades metacognitivas nos alunos, as instituições de ensino podem prepará-los não apenas para serem receptores passivos de conhecimento, mas para protagonizarem sua própria aprendizagem, tornando-os cidadãos críticos, autônomos e preparados para os desafios.
O que é metacognição? É um campo de estudos que se iniciou na década de 1970, com os trabalhos do psicólogo norte-americano John Flavell, mas que ainda não há um consenso sobre definição única do termo pela dificuldade em estabelecer a distinção entre o que é meta e o que é cognitivo.
A cognição inclui diferentes processos cognitivos, como a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio e tomada de decisões, que fazem parte de nosso desenvolvimento intelectual e nossas experiências. Já a aprendizagem é o processo pelo qual o sujeito se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece.
Um ambiente de aprendizagem eficaz é aquele em que os indivíduos têm liberdade para se expressar, cometer erros, apresentar dúvidas e fazer questionamentos, o que aumenta sua capacidade de aprender de forma independente, identificar sucessos e expandir suas estratégias. É importante perceber que várias habilidades preconizadas pela Base Nacional Comum Curricular podem ser trabalhadas a partir do uso de diferentes estratégias metacognitivas praticadas nas atividades pedagógicas, desenvolvendo planejamento, autoavaliação, análise e autoconhecimento.
Por meio da metacognição, o indivíduo consegue monitorar, autorregular e elaborar estratégias para potencializar sua cognição. Assim, à medida que os estudantes adquirem maior experiência, conseguem fazer melhor uso do tempo de estudo, aprimorando as estratégias empregadas para construir o conhecimento utilizando estratégias metacognitivas básicas: relacionar novas informações às já existentes; selecionar estratégias de pensamento com um propósito; planejar, monitorar e avaliar os processos de pensamento. Vale reforçar que existe uma correlação entre metacognição e proficiência em leitura. Isto é, quanto mais intenso for o hábito de leitura, maior será a capacidade de avaliar sua própria compreensão e, consequentemente, de utilizar estratégias de leitura mais adequadas.
Portanto, estudantes que sabem utilizar essas estratégias metacognitivas são aprendizes eficientes. O desenvolvimento da metacognição ocorre ao longo da vida, uma vez que as crianças têm dificuldade em avaliar o nível de sua própria compreensão. No entanto, de acordo com Flavell e Wellman (1977), elas podem ser consideradas aprendizes principiantes nesse processo.
Patrícia Marques Araújo é coordenadora de Conteúdo Didático do Bernoulli