Quando se fala em inclusão da “pessoa com deficiência”, as pessoas já imaginam que esse assunto não precisa ser falado ou discutido. A alegação é: existe uma lei a favor dessas pessoas. O que é um erro. A cultura sobre o capacitismo é tão grande que 85% das empresas já afirmaram que só contratam pessoas com deficiência por causa da cota, ou seja, se não houvesse lei as empresas continuariam sem contratar esses profissionais. Enquanto as organizações não começarem a olhar para o profissional – em vez de enxergar a deficiência –, elas não terão profissionais felizes, engajados e que vistam a camisa.

Quando entrei na ArcelorMittal foi mágico. Nunca tinha trabalhado em uma grande empresa. Eu sei que realizava um excelente trabalho, porém, em alguns momentos os vieses inconscientes se mostravam presentes e a oportunidade de crescimento parecia distante.

Entretanto, quando me deparei com líderes que olhavam para a “Mariana” e não para a deficiência da “Mariana” me senti muito mais feliz. Senti-me prestigiada, engajada e vi possibilidade de crescimento. Era uma oportunidade de desenvolver a minha carreira e obter aumento salarial. Afinal, as pessoas com deficiência não querem somente acessibilidade. Elas querem o que todas as outras pessoas também desejam. Sonham em viajar, comprar uma casa, carro e dar bons estudos aos filhos. E isso só é possível se a empresa der oportunidade de crescimento profissional.

Quando fui promovida tive medo. Ser uma pessoa com deficiência é subir duas montanhas todos os dias para provar que tenho capacidade de executar minhas atividades. Mas, para minha surpresa, fui recebida de braços abertos e com a oportunidade de demonstrar toda a minha capacidade profissional.

A minha responsabilidade aumentou no ano passado, quando a empresa lançou o Programa de Diversidade & Inclusão e me convidou para ser líder do Grupo de Afinidade de Pessoa Com Deficiência. Fiquei muito honrada com o convite e recebi apoio incondicional da minha família e dos meus colegas.

Ao começar o programa, perguntei para mim mesma: uma secretária num cargo de gestão? E descobri habilidades que nunca imaginei ter. É gratificante trabalhar com a diversidade e ver a transformação da empresa para tratar mais abertamente desses assuntos. Dedico-me com muito carinho e engajamento e foi muito importante a empresa nos dar lugar de fala. Sei que temos um longo caminho a percorrer, mas também sei que estamos na direção correta. Ver o apoio dos CEOs da ArcelorMittal nos mostra que a empresa está comprometida com o tema.

Para reforçar esse movimento, a ArcelorMittal Brasil assinou no dia 23 de setembro a sua adesão à Rede Empresarial de Inclusão Social (Reis). A iniciativa visa criar um ambiente de trabalho mais inclusivo para pessoas com deficiência na produtora de aço. Trata-se do compromisso com o respeito e a valorização das pessoas em suas individualidades e a busca por um local de trabalho cada vez mais justo e diverso. A adesão faz parte das ações do Programa de Diversidade & Inclusão da empresa.

Sigo feliz e confiante de que teremos mais representatividade nos cargos de nível superior e gerencial. A representatividade nos dá a certeza de que todos são capazes de atingir seus objetivos e sonhos.

* Líder do Grupo de Afinidade de Pessoa com Deficiência do Programa de Diversidade & Inclusão da ArcelorMittal Brasil