Opinião

Palmas para o SUS – mais necessário do que nunca

Pandemia, vacinaçãoo e desafios do maior sistema de saúde pública do mundo

Por Dra. Carolina Mourão
Publicado em 23 de setembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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No dia 19 de setembro, o Sistema Único de Saúde (SUS) completou mais um ano e merece congratulações. Não só por ter alcançado mais um ano de existência, mas, sobretudo, pelo fundamental papel que tem exercido no enfrentamento da pandemia da Covid-19 – uma das mais sérias do país. São 33 anos de extrema importância para a sociedade, que foi evidenciada, claro, no atual contexto pandêmico. Foi por conta da pandemia que a população passou a reconhecer, valorizar e se orgulhar do SUS, em especial, com a vacinação que, agora, avança em todo o país.

Garantido pela Constituição Federal de 1988, por meio da Lei nº 8.080/1990, o SUS contempla mais de 190 milhões de cidadãos. Cerca de 80% da população depende dos seus serviços gratuitos de atendimentos médicos.

Apesar das três décadas de existência do maior e mais complexo sistema de saúde pública do mundo, os desafios também se mostraram grandes no último ano. O atual contexto tem apontado, sim, as principais fragilidades, mas também as fortalezas do SUS tanto no enfrentamento da pandemia de Covid-19, quanto na caminhada de um sistema universal, integral e efetivo. Com o país assolado pela grave crise sanitária, o SUS se revela um gigante em estrutura, capaz de oferecer a resposta assistencial que a população precisa. Não nos restam dúvidas de que o caos seria muito maior sem a existência do SUS.

De repente, fez-se necessário readequar as estratégias de gestão da saúde pública e aderir aos protocolos emergenciais definidos pelo Ministério da Saúde em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Adaptações emergenciais foram feitas, como expansão da quantidade de leitos disponíveis, capacitação das equipes para lidar com um vírus desconhecido, além de foco na gestão de recursos e insumos, para garantir a assistência integral aos pacientes. Nos momentos em que faltaram leitos, medicamentos e profissionais, tudo estava sendo feito para evitar uma catástrofe maior.

Houve construção de hospitais de campanha, treinamento de profissionais para atuação na linha de frente. Surgiram oportunidades de trabalho para recrutar novos profissionais, houve expansão de leitos, tiveram kits de testagem, atendimento domiciliar, investimentos em pesquisas e recursos, como respiradores e insumos. Chegaram, então, as vacinas. Todo esse caminho mostrou a grandiosidade, a flexibilidade e, principalmente, a rápida adaptação do Sistema Único de Saúde de ampliar a capacidade de assistência aos brasileiros. Mesmo com dificuldades, os resultados foram extraordinários.

Ser um aparelho público de saúde que precisa oferecer direito e condições iguais de atendimento, com a capilaridade necessária para chegar a todos os cantos do país, é algo desafiador, especialmente quando se considera que mais de 80% da população do país é dependente, e, ainda mais, em meio a uma pandemia.

O Hospital da Baleia, por exemplo, com 77 de anos de filantropia e 95% de sua estrutura de atendimento dedicada ao SUS, viu, na prática, a eficiente atuação do Sistema. Ao longo desses 17 meses de pandemia, aumentamos em mais de 25% o número de leitos, considerando os próprios e os contratados pelo SUS para garantir a assistência à população.

O principal aprendizado que fica, além da necessidade de transparência do poder público, governos e profissionais de saúde com a população acerca do real panorama enfrentado, é o fato de que precisamos fortalecer, cada vez mais, nosso sistema de saúde pública. Países que não possuem sistema público como o nosso sofreram mais e recebem pressão social para garantir a saúde como direito – de todas e todos e dever do Estado.

Por tudo isso, palmas para o SUS e para a capacidade de dar respostas, ao completar 33 anos de criação. Não há dúvidas sobre a sua importância para o período pós-Covid. Para o momento pós-pandemia, o SUS tem um novo desafio: diminuir as filas das cirurgias eletivas, canceladas ao longo do último ano. No Hospital da Baleia, mutirões já estão sendo realizados e a instituição segue cumprindo o seu papel ao lado do Sistema Único de Saúde.

Que venham os próximos anos. As experiências mostraram que o SUS está forte e pronto para atender uma demanda que ficou reprimida durante a pandemia. Se não estiver, mostrou com garra como é capaz de se adaptar. Viva o SUS!

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