Em 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A escolha da data remete à Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, ocasião em que, pela primeira vez, a temática ambiental foi debatida em escala mundial. Em tempos de crise sanitária, mais do que nunca, é preciso refletir sobre a relação homem/meio ambiente, haja vista que a pandemia de Covid-19 é consequência direta da pressão humana sobre a natureza.

De acordo com a médica espanhola María Neira, 70% dos últimos surtos epidêmicos começaram com o desmatamento ambiental e na abrupta ruptura de determinadas espécies com seus ecossistemas.

Atividades antrópicas, como o desmatamento, o garimpo e a transformação de florestas em pastos ou áreas agrícolas aumentam significativamente o risco de os seres humanos entrarem em contato com animais hospedeiros de vírus desconhecidos.

Uma das explicações para isso é que a degradação ambiental diminui a variedade de espécies locais. Sem predadores naturais, algumas espécies, muitas vezes reservatórios de vírus, se reproduzem de forma descontrolada. Com o aumento da população desses animais, também tornam mais abundantes os vírus que eles carregam. Antes restritos ao ambiente florestal, os vírus passam a ter maior proximidade com os seres humanos. É o que os cientistas chamam de quebra de barreira: um vírus, antes transmitido apenas entre animais, adapta-se geneticamente e, para nosso azar, infecta o ser humano.

Diante dessa realidade, é fundamental mudar nossa postura com o meio ambiente. Trata-se de pensar em nossa própria sobrevivência. Isso passa por duas grandes questões. A primeira se refere a abandonarmos visões religiosas e filosóficas que nos consideram como superiores aos demais seres vivos. Nesse sentido, as chamadas “culturas primitivas” têm muito a ensinar, pois tratam a natureza com reverência, e não como fonte de recursos a serem utilizados ao bel-prazer humano.

Já a segunda grande questão está relacionada a necessidade de superar o modo capitalista de produção e consumo. Não há como garantir a mínima preservação do meio ambiente e, ao mesmo tempo, manter um sistema econômico que tem como fundamento a busca incessante por novas fontes de lucro (ou seja, requer a degradação ambiental ad infinitum). A conta não fecha.

Lembrando um provérbio cree: “Somente quando for cortada a última árvore, poluído o último rio, pescado o último peixe é que o homem vai perceber que não pode comer dinheiro”. Aí, infelizmente, será tarde demais.