Opinião

Reconstrução

Desafio às instituições e à sociedade

Por Reis Friede
Publicado em 08 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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É cedo para prever quando o Brasil e o mundo estarão livres da pandemia do Covid-19. Mas, quando chegar esse momento, certamente a economia estará em frangalhos. Haverá falências, desemprego e tantas outras consequências nefastas. Após a tempestade pandêmica, empresas serão reerguidas, empregos, recriados, e tantos outros problemas, solucionados.

O custo econômico para que isso ocorra será imenso, mas não inédito. Os Estados possuem – e podem criar mais – instrumentos destinados a promover essa reconstrução, como aconteceu em calamidades, sobretudo no século XX, que viu programas como o New Deal e o Plano Marshall ajudarem o mundo a se reerguer após a Grande Depressão de 1929 e a Segunda Guerra Mundial.

O desafio, que se imporá às instituições, à ciência e à sociedade está em fazer com que as lições resultem em avanços sustentáveis. O risco de isso não ocorrer existe, e os indícios estão nos noticiários, que mostram pessoas ignorando recomendações de isolamento. Já basta nas milhares (talvez milhões) de vidas que ainda se perderão e que os Estados e seus líderes poderiam ter salvado caso as medidas certas tivessem sido tomadas no momento oportuno. Salvar vidas deve ser o foco das políticas públicas.

O componente inédito está reservado à reflexão que o flagelo viral nos impõe. Emergiremos dele instigados a rever conceitos, em questões centrais das relações sociais e de trabalho, da ocupação dos espaços urbanos e da cultura em sentido lato. Tal reflexão deverá gerar um amadurecimento penosamente profícuo. No Brasil, tome-se o exemplo, do Judiciário. Para ele, a pandemia está sendo um laboratório de mudanças há muito ensaiadas.

A instituição foi hábil em se apoiar na tecnologia e, mesmo com tribunais, varas e juizados fechados, continuam proferindo decisões, muitas das quais relacionadas à pandemia, inclusive em sessões colegiadas virtuais. A experiência tem propiciado aos gestores públicos uma revisão de conceitos, desde os referentes à alocação de recursos orçamentários até os que respeitam à adequação dos efetivos de servidores e mão de obra contratada.

O TRF-2, mantendo a integralidade de seus serviços em trabalho remoto – com aumento de produtividade –, vem registrando economia mensal de cerca de R$ 2 milhões, apenas com energia elétrica, na sede da Corte.

Reconhecermos que pouco sabemos sobre como superar esse desafio, e é fato que o pouco saber não significa nada saber.

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