Cadu Doné

A saída de Manoel

O zagueiro não merece ser censurado por desejar sair de uma instituição que o deve cifras consideráveis

Por Cadu Doné
Publicado em 12 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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A saída de Manoel

Quando um jogador deixa determinada equipe antes do fim do seu contrato, sem uma interessante compensação financeira para a agremiação, frequentemente se gera mais um dos infinitos debates maniqueístas que permeiam o futebol. De um lado, detratores do atleta vociferam: “mercenário”! Do outro, torcedores inconformados com a perda de um nome importante, condenam a diretoria por uma suposta incapacidade para segurar seus talentos. No caso do término da trajetória de Manoel no Cruzeiro, no fundo, apesar do infindável alarido, não há muito o que dizer. O zagueiro não merece ser censurado por desejar sair de uma instituição que o deve cifras consideráveis, e incapaz de equiparar outras propostas polpudas que possui – de quebra, a ambição esportiva de disputar competições mais nobres, como a Série A e a Libertadores, não se mostra desprezível.

O lado do clube

A Raposa acerta ao não cometer arroubos monetários incompatíveis com as circunstâncias atuais. Não dá para escapar de certo bom senso num afã motivado pela preocupação com a opinião das massas. No buraco despido de fundo no qual o clube se meteu no que se refere às contas, às dívidas sem limites, celebrar novos acordos que quase certamente gerarão débitos, não faz o menor sentido. E até de um ponto de vista futebolístico, se for para gastar um pouco mais num cenário de extrema penúria, a zaga não surge como prioridade. Defender bem com peças próximas de um nível meramente “ok” revela-se mais fácil do que criar recheado de opções burocráticas.

O clássico

Mais discutível ressoa uma altercação mais específica: afinal, à Manoel não caberia atuar no clássico para depois anunciar seu desligamento? Salários atrasados, outros compromissos não pagos, e o receio de contundir-se antes de assegurar totalmente novo destino: elementos indispensáveis para a devida apreciação do tópico. Não se trata de uma situação moralmente tão cristalina; cancelamentos, julgamentos peremptórios, o ar de justiceiro não se acamam aqui numa perspectiva minimamente sensata.

Ética

Ainda assim, por uma espécie de liturgia, de ética não escrita, de feeling, bom tom, por mais que cartolas distintos tenham cometido erros diversos, reiterados, vestir a camisa de uma torcida que o acolheu com tanto carinho, zelar pela profissão, em um só dia a mais, convenhamos: não configuraria nenhum esforço descomunal, nenhum risco desmedido. Não descambemos para demagogia; me refiro, inclusive, ao ímpeto de sempre acumular feitos louváveis, agendas positivas, dentro de uma carreira.

Hulk x Savarino

Passei a semana com a dúvida: quem escolheria para a ponta direita? Independentemente de posicionamentos momentâneos, necessário sublinhar que uma predileção imediata pelo venezuelano não significa descartar Hulk entre os titulares numa ampla acepção. Me agrada também a ideia de escalar os dois juntos, com o brasileiro sendo o atacante mais adiantado. Pelos flancos, Savarino abre o campo, oferece amplitude ao time; Hulk tende a afunilar, a centralizar o jogo.   

Mentor

O revés para Bielsa talvez seja o menos dolorido para o chefe do City. Triunfou um técnico mais guardiolista do que o próprio...

Virtude celeste

Principal mérito do Cruzeiro ontem: organização coletiva, sobretudo na fase defensiva. A disciplina tática provou-se elogiável. 

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