Cadu Doné

Críticas a Cuca

Precisamos encontrar o ponto de equilíbrio entre a crítica pertinente, arguta, e a precipitação exacerbada que invariavelmente nos leva a resvalar, com louvor, na crueldade

Por Cadu Doné
Publicado em 21 de abril de 2021 | 03:00
 
 
 
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Críticas a Cuca

Precisamos encontrar o ponto de equilíbrio entre a crítica pertinente, arguta, e a precipitação exacerbada que invariavelmente nos leva a resvalar, com louvor, na crueldade. A máquina de moer reputações do futebol brasileiro anda em polvorosa, num fulguroso aquecimento. O imediatismo, a superficialidade, e o desespero pelo engajamento nas redes sociais contribuem para isso; assim como o anseio de projetar a imagem de “corajoso” que assola muitos integrantes da imprensa tradicional – os mesmos incapazes de fugir uma vírgula de platitudes, de um senso comum vigente, e, acima de tudo, de realmente tocar em feridas importantes, desnudando, aí sim, genuíno pendor combativo. A média de desempenho do Galo sob a batuta de Cuca nos seis jogos nos quais ele comandou o time não foi favorável. Daí a criarem o estardalhaço que estão perpetrando...

 

Galo e rivais

Sugestivo que justamente os clubes mais badalados do Brasil no momento – além do Atlético, Palmeiras e Flamengo – venham se materializando como alvos preferenciais da alardeada e surreal coceira pela fritura de técnicos. Óbvio que, em uníssono com grandiloquentes expectativas, há de elevar-se as cobranças; mas também, claro, sem escapar do bom senso. Prolifera-se no Brasil um modismo que combusta torcedores e jornalistas a caírem para a arenga: “o investimento é grande; desempenho superior, obrigação”. Sim, porém acalmemos! As coisas não se configuram tão instrumentais, não premiam esta suposta “lógica” de modo tão imediato e cartesiano.

 

Estilo de Cuca

Fala-se que Cuca não aproveitou nada que o conjunto carregava da gestão anterior. Não se mostra natural que um treinador queira, sobretudo pegando um grupo no início da temporada, em meio a partidas fracas de um fácil estadual, implementar sua filosofia? O certo ou o errado não se ancoram, em si, em diversas situações, na continuidade ou na ruptura. Ambas podem dar certo. O que importa: dentro do caminho escolhido, do estilo de predileção, convencer. Ludopédio não combina com “receita de bolo”.


Cuca x Sampaoli

O brasileiro e o argentino apresentam diferenças numerosas demais, excessivamente profundas; talvez por isso seja compreensível determinada demora para a consolidação de alguns processos. O primeiro gosta de um ataque mais vertical, com os pontas afunilando frequentemente, e os laterais buscando a linha de fundo. Já o segundo privilegia o cultivo da posse com paciência, a amplitude garantida pelos atacantes de lado, e a utilização de pelo menos um dos alas como armador por dentro.

 

Principal diferença

A principal oposição entre estes dois profissionais, todavia, se desvela no jeito com que orientam suas peças a se movimentarem. Cuca exige dos seus atletas uma circulação contínua, livre, por todo o campo, na fase ofensiva; incentiva a constante troca de posições. Sampaoli, por sua vez, adere ao decantado ataque posicional; neste, a ideia passa por fazer a bola se movimentar, prioritariamente: os jogadores não haveriam de abandonar seus setores com assiduidade. 

 

Sucessão

Não me parece desprezível a coincidência de que Cuca não apenas obteve sucesso no Santos; colheu-o substituindo Sampaoli.

 

Treino

A escalação de Dylan no domingo se deu mais para o todo ensaiar no formato que será adotado hoje do que por critério individual.

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