CADU DONÉ

Flamengo é o mais prejudicado

Desfalques nos clubes brasileiros nas datas Fifa atrapalham as competições


Publicado em 08 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
 
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O futebol brasileiro é engraçado. A imprensa mineira brada contra um suposto – e muitas vezes verdadeiro – bairrismo do chamado “eixo”, e morre de medo de sustentar opiniões que desagradam as torcidas de Cruzeiro e Atlético. Principalmente do segundo. Que o erro está na raiz, todo mundo sabe: a desorganização do futebol brasileiro, nosso calendário absurdo, o disparate de não pararmos nas datas FIFA, a aversão que estas questões trazem ao público com relação à CBF e sua insossa seleção. Colocados estes entraves, com a decisão de não adiarmos cotejos do Brasileirão durante os estonteantes embates do escrete canarinho, o debate esquentou: quem seria o maior prejudicado pelos crimes a céu aberto que banalizamos? O Flamengo. Não dá para discutir. O rubro-negro tem o melhor time do Brasil. Em grande medida, pelo quarteto mágico do ataque.

Craque x jogador comum

Meu amigo e excepcional narrador Mário Henrique, o grande Caixa, além do vozeirão e da capacidade ímpar para transmitir emoção, revela sagacidade subestimada. Carisma. “Não bebe a água nem desocupa o copo”. “Isso que diferencia o craque do jogador comum”. O quadrado insuperável: Bruno Henrique, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol. As datas FIFA escamoteiam os fortes cariocas – com folga, os principais concorrentes do Galo na luta pela glória Nacional –, numa frequência absurda, com a retirada dos últimos três listados. Três craques. Três peças que podem decidir jogos. É como se o Atlético perdesse Hulk, Nacho e, sei lá, Arana, o tempo todo.

Distorção

É óbvio que a desfaçatez descrita ocasiona distorção na “verdade” do campeonato. Na última e nas duas próximas rodadas, o Atlético tinha – e tem – a faca e o queijo na mão para aumentar sua distância sobre o Flamengo. “Ah, mas Vitinho foi caro e jogou bem contra o Bragantino”; “ah, mas Pedro seria titular em qualquer outro escrete do país”. Beleza. Não há como suprir, à altura, nem com estes excelentes reservas, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol. Há uma razão para Pedro ser reserva.

Burrice do técnico

O futebol brasileiro é irônico. Hospedeiro ideal para néscios populistas, demagogos. Impressionante a ausência de tecnicismo, de estudo de Portaluppi. Estamos acostumados a ver jogadores, “professores”, cartolas chorando sem razão e machucando a sensatez, o intelecto. JUSTAMENTE no instante em que possui TODA a razão para reclamar, Renato Gaúcho e a cúpula rubro-negra atingem a proeza de “reclamar errado”. Na coletiva de quarta, a fundamentação do “treinador boleiro” revelou-se pífia.

Qualidade x quantidade

O motivo de o Flamengo ser mais prejudicado do que o Atlético, caro Renato, não é a quantidade. Ambos cederam VÁRIOS jogadores para diversas seleções. Mas o Galo está desfalcado de inúmeros coadjuvantes. Zagueiro titular, vá lá. Arana enquanto reserva técnica e lateral extremamente útil no ataque. Uma série de reservas. Este cenário – sim, já nefasto – não se compara com as lacunas irreparáveis da perda de três dos melhores futebolistas em atividade no país.

Ruim de matemática

Além de não apreender a essência do que ele mesmo padece, Renato se enrolou todo na matemática. Deu munição para os rivais.

Erística

Bolsonarista, talvez Renato tenha recorrido a Olavo de Carvalho. “Como vencer um debate sem ter razão”. Machucaram Schopenhauer.

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