Cadu Doné

Maltratando os cruzeirenses

Requintes de crueldade não se cansam de adornar o inferno astral dos súditos de Tostão, Dirceu Lopes...

Por Cadu Doné
Publicado em 02 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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Matratando os cruzeirenses

Falta de pudor. Cara de pau. Todos têm o direito de se manifestar. Se defender. Mais do que “escolher lados” nos recentes bate-bocas públicos entre figuras da política celeste, o cruzeirense se recolhe resignado, impotente, esterilizado; no caso de muitos torcedores – e isso é compreensível –, a capacidade de se indignar deu vazão à apatia, à completa desesperança. Ver Wagner Pires de Sá apontando o dedo, querendo “lacrar” com críticas à atual gestão – que, de fato, acumula incontáveis erros –, ao invés de gerar debates acerca do conteúdo das falas, simplesmente intriga: “Esse cara ainda ‘apita’ como um porta-voz conectado à instituição? Não foi expulso, banido do clube até hoje?” Requintes de crueldade não se cansam de adornar o inferno astral dos súditos de Tostão, Dirceu Lopes. O vocábulo “crise” ressoa desgastado; uma subestimação. 

Bagunça em campo

Em um enfadonho ciclo interminável, debatemos técnicos, aspectos táticos, individuais. Como na música dos Titãs – este defeito parece onipresente nas arengas sobre futebol –, criamos teorias que carregam ares categóricos, definitivos, a cada semana. Sóbis e Rômulo se projetavam como exceções positivas. Na era Mozart, não andam bem. Marcinho foi completamente escanteado por Conceição; agora, lamentamos quando ele é substituído durante um jogo. O Cruzeiro não se cansa de, totalmente atabalhoado, trocar o pneu com o carro andando. Este é o ponto. O processo de transição tornou-se eterno, perene. Estabilidade, sequência: termos gregos na Toca.

Ideias diferentes

Contra o Guarani, Adriano, “camisa 5” sob a batuta de “Tigrão”, atuou como meio-campista adiantado, com liberdade para avançar. Matheus Barbosa realizou movimento contrário: com o chefe anterior, desfilava frequentemente encostando no centroavante; agora, tenta vigiar o setor à frente da zaga. Na última quarta, Mozart surpreendeu com declaração enigmática ao abordar a fragilidade defensiva do seu conjunto. Deu a entender que esse traço seria natural pelas características que seu grupo possui.

Pegada

Imagino que a tese por trás dessa afirmação do treinador celeste é a de que o seu elenco carece de atletas que concedam cristalina solidez ao meio. Realmente, a Raposa não esbanja volantes conhecidos especialmente por sua “pegada”, pelo poder de marcação. Adriano, Barbosa, Rômulo, Ariel Cabral... Nenhum destes encarna o estereótipo do “cão de guarda”. Talvez encontramos aqui mais um dos motivos pelos quais Mozart tem mostrado apreço pelo sistema com três zagueiros. Mas os seus beques...

Partidas malucas

O Cruzeiro tem se tornado fator comum de inúmeras partidas raras, malucas, demasiadamente abertas, aleatórias. É preciso refletir para tentar detectar padrões. Mesmo no triunfo sobre o Vasco, a Raposa padeceu com dificuldades para controlar as ações, arrefecer o adversário com a posse; diante do Guarani, o escrete cinco estrelas fez o mais difícil: virar o placar, chegar à nova vantagem após levar o empate; no segundo tempo, todavia, não teve um minuto de paz.

Ironia

A torcida celeste clama por um camisa 10. Régis, que teve passagem instável por BH, pelo Bugre, acabou com o jogo no Mineirão.

Solução?

Em rodadas recentes, como armador centralizado, Marcinho tem se destacado pelo Cruzeiro. E pensar que Conceição o descartava...

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