CÂNDIDO HENRIQUE

O poder das categorias de base

Por mais que o discurso seja de que os clubes devem revelar e não pensar apenas em título, o que se viu na competição não traz muita esperança para um futuro próximo


Publicado em 20 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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A Copa São Paulo de Futebol Júnior chega às semifinais e não há um mineiro. O último a dar adeus à Copinha foi o primeiro, que perdeu nos pênaltis para o São Paulo. O Atlético ficou pelo caminho, nas oitavas, para o modesto Volta Redonda, do Rio de Janeiro. E o América caiu na fase anterior para o Botafogo do Rio de Janeiro.

Por mais que o discurso seja de que os clubes devem revelar e não pensar apenas em título, o que se viu na competição não traz muita esperança para um futuro próximo. Pelo que Galo e Cruzeiro investem na base, o retorno é menor do que se poderia prever ou menor do que os clubes precisam.

Revelando apenas um ou outro grandes jogadores, os clubes mineiros vão ao mercado para completar o seu time profissional, gastando muito em jogadores jovens de outras equipes. Um investimento, com certeza, mas que seria melhor emprego se os atletas tivessem sido desenvolvidos em seus campos.

Hoje, os melhores jovens do Galo, por exemplo, vieram de outros clubes. O lateral-direito Emerson, de 20 anos, veio da Ponte Preta. Ele está na seleção brasileira sub-20 e desperta interesse do mercado europeu. Já programando sua saída, o Atlético foi ao mercado novamente e trouxe Guga, de 19 anos, do Avaí.

Eles vieram pois, nas categorias de base, não há um lateral-direito que possa ocupar esta vaga. Aliás, o último jogador da posição que teve uma chance no profissional foi Alex Silva, que teve que jogar a Série B pelo Goiás para ganhar mais espaço.

Deveria ser ainda maior

Com o abismo financeiro cada vez mais evidente entre Flamengo, Corinthians e Palmeiras para os demais times, o investimento em categoria de base deve ser o primordial. A cultura de compra e venda de jogadores levará ao abismo técnico e à temida "espanholização" do futebol brasileiro, com o título nas mãos apenas destes clubes citados.

Com a valorização da base, um melhor ensinamento aos jogadores e maior aproveitamento no time profissional, a tendência é que este abismo seja menor. Por mais dinheiro que este trio tenha, eles ainda não conseguem comprar jogador que vão decidir 90% dos jogos.

O Arrascaeta não é este jogador. No Cruzeiro, foi figura apagada em muitos jogos. E, no fim, a diretoria celeste fez um grande negócio. O uruguaio é um bom jogador, tem repertório, mas sabemos bem que falta um algo a mais para chegar à Europa, por exemplo.

O mesmo vale para Bruno Henrique, que foi anunciado pelo próximo Flamengo neste sábado. Mais um bom jogador, que faz a diferença em alguns jogos, mas ainda não ganhou um campeonato para ser classificado como atacante que desequilibra.

Em suma, o Flamengo gastou muito com bons jogadores, mas não trouxe ninguém que possa desequilibrar. Nem mesmo o Palmeiras pode falar que tem um time imbatível, mesmo com a chegada de Ricardo Goulart. É claramente um grande elenco, capaz de vencer todos os times do Brasil, mas não é unânime.

Logo, Atlético e Cruzeiro, para manter a ambição por grandes títulos, é importante que as diretorias se concentrem também em otimizar a formação nas categorias de base. E cobrar dos departamentos que entreguem grandes jogadores.

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