CHICO MAIA

Estranho Ricardo Teixeira não ter sido indiciado

Redação O Tempo


Publicado em 28 de maio de 2015 | 03:00
 
 
 
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As prisões de alguns cartolas da Fifa ontem representam um fio de esperança de que haja um sopro de seriedade no futebol, especialmente no Brasil, o que nos interessa diretamente. Estranho é que Ricardo Teixeira não tenha sido indiciado, já que as investigações são antigas. Mas o FBI diz que o trabalho continua e, possivelmente, não ficaremos apenas com José Maria Marin, peixe pequeno dessa cota verde e amarela. A simples perspectiva de um jogo mais limpo nos bastidores do futebol é um incentivo para gente séria entrar ou ficar nesse meio.

Faltam os graúdos

A imprensa mundial, não especializada no esporte, fala em “maior escândalo” de corrupção no futebol. Para quem é ligado ao meio, novidade mesmo é não estarem nomes como de Joseph Blatter e Ricardo Teixeira na lista dos possíveis presos. O paraguaio Nicolas Leóz, ex-presidente da Conmebol, e o sucessor dele, o uruguaio Eugênio Figueredo, são manjados há décadas.
No frigir dos ovos é enorme a chance de o assunto cair no esquecimento daqui a alguns dias, assim como caiu o da máfia que vendia ingressos antes e durante a Copa do Mundo no Brasil no ano passado, que também envolvia dirigentes e parentes de dirigentes da Fifa. O que pode gerar fato novo nesse caso é que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos é que está investigando, já que os maiores patrocinadores da Fifa são empresas norte-americanas e seriam os maiores lesados. Seria bom demais ver essa cartolada atrás das grades e depois tivéssemos operação semelhante no Brasil e na Conmebol.

Valor da seriedade

Neste contexto, dou sequência ao relato sobre o que vem sendo feito pelas últimas diretorias do América. Primeiro na recuperação patrimonial, que em breve atingirá o futebol. Em 2005, Antônio Baltazar assumiu o clube com oito meses de salários atrasados (jogadores e demais funcionários), além da avalanche de penhoras em função de dívidas trabalhistas, fiscais e com outros credores. Emprestou do próprio bolso R$ 2 milhões para que o América pudesse respirar: quitou salários, negociou com os credores, recuperou o crédito e conseguiu as certidões negativas para que convênios pudessem ser firmados. Enquanto tomava pancadas nossas (imprensa) e da torcida, porque o time de futebol ia mal.

Limpando a área

Da chuva de ações judiciais contra o América, cuidava a Dra. Carolina Máximo, funcionária desde 2003. Hoje gerente jurídica, que, segundo o presidente Paulo Lasmar, “merece uma placa”, por tanta dedicação e competência, nos momentos mais críticos. Com a “ficha limpa”, iniciou-se a revolução patrimonial do Coelho, que teve no também presidente Olimpio Naves o grande estrategista, chamando a atenção de todos sobre a fortuna não explorada pelo clube.

União salvadora

Se dentro de campo o time americano ia muito mal, fora dele a situação se invertia e dava bons sinais, graças ao entendimento das principais lideranças políticas internas de que unido o América tinha futuro; sem isso o risco de insolvência era iminente: Marcos Salum, Magnus Lívio de Carvalho, Afonso Celso Raso, José Flávio Lanna Drumond e Delcio Tolentino. Com essas lideranças, entre as que já estavam na diretoria e outras que foram integradas, o time fora das quatro linhas ficou fortíssimo: promotor Francisco Santiago, deputado Alencar da Silveira, jornalista Teodomiro Braga, administrador Fernando Trivellato Andrade e o vereador Hugo Thomé.

Pela madrugada

Sob a presidência de Antônio Baltazar, esse grupo se reunia três vezes por semana em encontros que começavam pontualmente às 20h e terminavam por volta das 3h da madrugada. Muitas discussões acaloradas, mas no fim a melhor ideia prevalecia, e as divergências terminavam junto com essas reuniões. Graças a essa união de competências, esforços e influências, o América hoje é um dos clubes de maior patrimônio do Brasil. A história é longa e, em uma das próximas colunas, voltarei com mais um “capítulo” sobre o América.


Galo e Raposa conhecem

Esse Juan Carlos Osório, técnico colombiano contratado pelo São Paulo, parece ser muito bom de serviço e tem formação no futebol sul-americano e europeu, já que foi auxiliar técnico no Manchester City por cinco anos, graduou-se como técnico na Europa e pós-graduou-se na Universidade de Liverpool. Cruzeiro e Atlético conhecem-no muito bem, com dolorosas lembranças. Era ele o técnico do Once Caldas que eliminou a Raposa de Cuca, pelas oitavas de final da Libertadores da América em 2011, na Arena do Jacaré. Depois, era também ele o comandante do Nacional de Medellín que eliminou o Galo de Levir Culpi, também pelas oitavas da Libertadores, no ano passado, no Independência.

Uma boa

Os grandes clubes brasileiros deveriam buscar treinadores estrangeiros com maior frequência. Sempre acrescentam algo diferente, mas há uma resistência no país a essa prática. Normalmente não contam com a boa vontade da imprensa, dos colegas de profissão e caem nos primeiros resultados ruins. Diego Aguirre quase caiu logo no seu início no Inter, mas se firmou e hoje é muito elogiado pela forma de jogar que implantou no Colorado.

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