CHICO MAIA

Mares de lama e grana

Redação O Tempo


Publicado em 01 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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Política e futebol se fundem e se confundem. Nem a história saberá dizer quem é mais suspeito e farsante nesse mar de lama e grana. No futebol, mesmo com a resistência do presidente Gianni Infantino, o subcomitê de compensação da Fifa revelou o salário anual dele: 1,5 milhão de francos suíços, quase R$ 5 milhões por ano, além das mordomias naturais do cargo.

A secretária geral da entidade, primeira mulher a ocupar este cargo, Fatma Samoura, do Senegal, ganhará um pouco menos: em torno de R$ 4,2 milhões. Uma ala dos críticos elogia: é muito menos do que ganhava o Joseph Blatter, o banido ex-presidente, cuja remuneração anual beirava os R$ 11 milhões. Depois de 17 anos de mamata, ele e o fiel escudeiro Jerome Walke foram expulsos, acusados de corrupção.

O futebol é esse mar de grana, principalmente nas mãos e nos bolsos dos dirigentes das entidades que deveriam ser meras gerenciadoras das competições, mas que agem como donas.

Da mais simples liga do interior, passando pelas federações e confederações, seus presidentes, diretores e assessores deitam e rolam. Normalmente, chegam falando grosso, prometendo mudanças, com moralidade e transparência.

Palavras ao vento. Alguns meses depois de sentados nas cadeiras, essa cartolagem toma gosto pela coisa e jeito para manobrar, obter ganhos pessoais e, normalmente, para a perpetuação no poder. Dia desses, ouvi Edu Gaspar, diretor de futebol da CBF, indicado pelo teoricamente subalterno Tite, enchendo a bola de tudo e de todos da entidade, do porteiro ao presidente.

Nosso bolso. E quem sustenta essa farra toda é quem compra ingresso, camisas e demais souvenirs de cada clube e, principalmente, pacotes de transmissões pela TV. De tudo que é comercializado, percentuais de todos os itens são repassados para essas entidades. É tanto dinheiro que sobra pra todo mundo: migalhas para as ligas, milhões para as federações, bilhões para as confederações e Fifa.

Pobreza desunida. Os clubes, razão de ser de todo o circo, ficam com merrecas, principalmente os da América do Sul, ruins de marketing e desunidos. É quase impossível para qualquer um, ligado ao futebol, escapar de ajudar essa gente. Até quem não paga ingresso e não adquire nada licenciado paga pacotes do Brasileiro e do Mineiro, pois, quando não vai ao estádio, assiste pela TV.

O perigo. Edu Gaspar sentiu o gosto do poder, das mordomias, da grana alta e outros interesses. Bem diferente do discurso de até pouco tempo do técnico Tite, que assinou manifesto pedindo a cabeça do presidente Del Nero. Ocupou uma cadeira importante e a CBF já virou “santa”, pelo menos na fala do fiel escudeiro.

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