CHICO MAIA

Uma decisão difícil e diretamente ligada ao futuro de um clube

Redação O Tempo


Publicado em 26 de novembro de 2015 | 03:00
 
 
 
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Quando Felício Brandi contratou Zezé Moreira nove em dez torcedores e seis em dez jornalistas foram contra e diziam que o presidente do Cruzeiro estava cometendo um erro absurdo, que poderia custar muito caro. O veterano treinador estava com 68 anos de idade, já tinha comandado inúmeros clubes, dirigiu a seleção brasileira de 1952 a 1955, e se preparava para aposentar. “Decadente” era a palavra que mais se ouvia para se referir a ele. Pois o “velho” chegou, foi campeão mineiro, vice-brasileiro naquele ano e conduziu a Raposa ao primeiro título da Libertadores da América em 1976.

Era o cara

Ranzinza, temperamento difícil, linha dura, mas profundo conhecedor de futebol. Soube cativar quem precisava: os jogadores, numa época de transição, em que jovens como Joãozinho e Palhinha surgiam, numa mistura que deu certo com gigantes da bola, e em caráter, como Piazza, Dirceu Lopes, Nelinho, Raul, Zé Carlos e Jairzinho, o “Furacão” da Copa de 1970, perto de encerrar a carreira, mas estratégico para o esquema de Zezé Moreira naquela temporada. Felício Brandi e seus pares de comando calaram a todos, mas não ouviram nenhum torcedor ou comentarista dar a mão à palmatória.

Decisivo

Técnico não entra em campo, mas ganha e perde jogos, dependendo da competência ou não para montar um grupo, treinar a equipe no dia a dia, escalar os 11 e os suplentes a cada jogo, estudar os adversários, conhecer e dominar os ambientes interno e externo, além das estratégias antes, durante e após os jogos. A escolha de um nome certo pela diretoria é vital. Decisões como essas não são fáceis, e há histórias mil no futebol, de grandes acertos e verdadeiras catástrofes para um time.

Solução ou mais problemas

O interesse pela sequência do campeonato ainda não acabou para o Atlético, que luta pelo vice-campeonato, que lhe renderá R$ 2 milhões a mais de premiação. Porém o assunto dominante, há quase um mês, é se Levir Culpi fica ou não fica. De alguns dias para cá, se Muricy Ramalho ou o argentino Alejandro Sabella será o substituto dele em 2016.

Missão do comandante

Este é um momento extremamente delicado para o clube, especialmente para o presidente Daniel Nepomuceno, que vem cumprindo muito bom mandato neste primeiro ano como sucessor de Alexandre Kalil. A decisão dele quanto ao treinador da próxima temporada será um passo decisivo para o futuro próximo do Galo e da própria imagem dele perante a torcida e ao futebol brasileiro, como mandatário maior atleticano. O treinador é o chefe da comissão técnica. O presidente manda no clube, mas no departamento de futebol e no time quem manda é ele. O presidente contrata e demite, mas o detentor do cargo tem o poder pleno, enquanto está lá. Demitir no meio do caminho é outro problemão.

 

O bom casamento que se vai

Levir é ótimo treinador e não merece tantas e tão pesadas críticas, principalmente nestes momentos que podem ser os seus últimos no Atlético, depois de mais um período de grande sucesso comandando o time. A soma de acertos é infinitamente superior à dos erros. Caso ele saia, tem que ser com todas as honras que merece.


Ontem e hoje

Em 1984, Rubens Francisco Minelli era o que o Tite é hoje: unanimidade, o nome certo para a seleção brasileira. Curriculum invejável: bicampeão consecutivo com o Internacional (1975/1976) e no ano seguinte, tri, com o São Paulo. Contratado pelo Atlético, que tinha, reconhecidamente pela imprensa nacional, o melhor elenco do Brasil, chegou botando banca, dizendo que queria ver o time treinar para depois opinar sobre a qualidade do grupo. É claro que João Leite, Nelinho, Luizinho, Valença, Heleno, Reinaldo, Éder e demais colegas não gostaram de ouvir aquilo. Além do mais, Minelli gostava de um carteado e se entusiasmou com as ótimas rodas de jogo de Belo Horizonte.


Jogo jogado

O time, que voava em campo, empacou e só voltou a correr e ganhar os jogos depois que o treinador foi demitido menos de três meses depois de chegar. Aliás, o carteado continua forte em Beagá, e derrubando treinadores, já que anos depois a história se repetiu com gente igualmente famosa e pouco habilidosa com as palavras. Inclusive neste ano.

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