Após um período de recesso (férias), estou de volta. Agradeço pela oportunidade de poder debater com vocês os rumos da política. Excepcionalmente hoje, o artigo será publicado na sexta-feira, mas não deixe de acompanhar o jornal das quartas-feiras.
O dia 4 de julho não foi apenas o dia de comemoração do aniversário da independência dos Estados Unidos. Nesse mesmo dia o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, anunciou que está tratando-se de um câncer, porém não deixará a disputa pela reeleição. As pesquisas eleitorais até aqui divulgadas mostram uma projeção pífia do prefeito, embora ainda falte bastante tempo para o pleito, e tudo pode mudar.
Vou usar, a partir de agora, o banco de dados da pesquisa do DATATEMPO divulgada em 11 de junho deste ano. São 11 pré-candidatos até o momento. Na liderança da pesquisa, está o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) e, em segundo lugar, próximo da metade da intenção do primeiro, o deputado Bruno Engler (PL). Política muda o tempo todo, e por essa razão a mídia local já anuncia que o ex-deputado João Leite (PSDB) está bem próximo de Tramonte. A eleição ainda está em aberto. Será necessária uma campanha muito profissional para que algum dos pré-candidatos se destaque. Fuad, mesmo sendo o prefeito da capital mineira, ainda é muito desconhecido. Tem feito um trabalho criticado em Belo Horizonte, com problemas em áreas específicas, como o transporte público. Acredito que não haverá mudanças em tempo da eleição. Estão no páreo, ainda, outros nomes que tendem a mudar o seu posicionamento na pesquisa nas próximas semanas. Fato é que o favorito é Tramonte, que se afastou da rádio onde trabalha atendendo à legislação eleitoral.
Um ponto importante que dificulta o bom posicionamento da maioria dos pré-candidatos é a divisão nos partidos, que, espera-se uma melhora significativa nas próximas semanas, caso haja o claro posicionamento de Lula (PT) e Bolsonaro (PL). Tanto a esquerda quanto a direita ainda não construíram uma pré-candidatura sólida. O governador do Estado, Zema (Novo), em conversa com a imprensa, deixou clara a intenção da pré-candidata Luísa Barreto (Novo) de se unir ao prefeito e esforçar-se para dar visibilidade à chapa.
Em resumo: estamos todos sem muito norte sobre qual será o próximo prefeito. A esquerda tem um eleitorado bastante forte, portanto esse quadro pode mudar, colocando frente a frente um candidato de esquerda e outro de direita. Tudo indica que Rogério Correia será o candidato oficial do PT.
A doença do prefeito oferece-nos uma automática sugestão: a desistência. Haja vista que o prefeito já tem uma idade avançada, o aconselhável seria abandonar a política e ir aproveitar com a família. Todavia, o prefeito tem feito afirmações de forma pública indicando que não tem essa pretensão. Autoridades e personalidades de todo o país já direcionaram boas energias para a recuperação do prefeito, e eu também o faço.
A legislação eleitoral, neste momento, está cada vez mais restrita. Pedir votos é crime! Entretanto, precisamos ampliar os debates sobre os rumos que queremos para a nossa cidade. Qual a sua posição? Qual pré-candidato da sua preferência? É necessário ir refletindo, até outubro, sobre quem queremos para determinar os rumos municipais.
CHRISTOPHER MENDONÇA
Doutor em ciência política e professor de relações internacionais do Ibmec-BH
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