O contexto da desistência do presidente americano da corrida pela Casa Branca deu-se em um momento de grande indecisão na política dos Estados Unidos. Primeiramente, temos que salientar que o 75º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na cúpula de Washington, evidenciou as falhas de cognição de Biden. O Partido Republicano já comemorava a ideia do atentado ao candidato oficial do partido, mas, com a desistência de Biden, as coisas ficam um pouco mais incertas. Há uma séria tendência do partido a escolher a vice-presidente, Kamala Harris, que já ficou tateando com muito cuidado todo o assunto.

A Otan foi criada no período da Guerra Fria, enquanto o Pacto de Varsóvia estava veemente no lado oriental do planeta. Podemos verificar que a maior importância da organização está sendo agora, com a quantidade de conflitos pelo mundo, em especial na Ucrânia e no Oriente Médio. Notícias recentes deixam claro o excesso de conflitos pelo mundo na atualidade. A Otan é composta das 32 potências mais armadas no mundo e precisa concentrar-se nesse quesito. Muitos assuntos relevantes à segurança internacional ainda são debatidos na mesa da Otan. Interessante lembrar que o próprio Biden indicou o seu apoio à sua vice, o que ganha cada vez mais fôlego.

Os Estados Unidos são o país que mais tem capacidade de decisão na Otan, sabidamente, mas ainda há muitos interesses envolvidos ali; o principal deles refere-se à proteção do sistema mundial. Evitar crises é a base da organização.

Na Ucrânia, a Otan tem uma presença acima de qualquer comentário, porque a Ucrânia, se entrasse no arranjo, levaria a uma guerra sem precedentes. Sabemos que a Suécia e a Finlândia pleitearam por bastante tempo uma vaga nesse arranjo, até que, recentemente, a solução chegou em tempo de proteger os países. No Oriente Médio, o assunto do petróleo está bastante envolvido no processo de guerra por ali. Ademais, a religião e os possíveis atentados terroristas podem gerar impactos ainda muito latentes na comunidade internacional.

Em plena corrida presidencial americana, as formas de representação estão cada vez mais em evidência e, por essa razão, os partidos estão movendo-se em um sentido único: ganhar o pleito. Sinais de que há uma forte disputa estão cada vez mais em evidência. Nesse sentido, muita coisa ainda há de acontecer.
Biden, em sua idade já avançada, tende a se desgastar de forma crescente, e Trump certamente abre um campo de vantagem. A Otan ficou paralisada por dez anos (1981-1991), e nesse sentido as decisões levaram bastante tempo até se concretizarem. Não há dúvidas de que esse momento envolveu coisas bastante difíceis de resolver.

Há, ainda, um diferencial, que é a questão do dinheiro que as campanhas vêm arrecadando. Nunca foi tão séria a questão financeira, por razões mais do que óbvias. Biden e Trump reuniram os principais investidores em política nos Estados Unidos para dar maior visibilidade ao pleito. É notório que isso fará bastante diferença na corrida. Atrair os doadores precisa ser a marca registrada dos dois partidos. Os democratas tiveram alguns fundos paralisados por certo período, mas Trump está a cada dia se fortalecendo e, nesses termos, nos preocupam bastante os próximos passos dessa corrida.

Por fim, mas não sem lugar neste assunto, temos as diversas nuances de um quebra-cabeça que parece não ter fim: a segurança dos candidatos. Acabamos de receber um fortalecimento das autoridades policiais e de inteligência pelas equipes de ambos os candidatos. FBI e CIA, para além das Forças Armadas, já estão vigilantes sobre essa questão, levando sempre em conta as características de cada grupo e os eventos nos quais ainda terão envolvimento até o dia da votação, que é em outubro.

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CHRISTOPHER MENDONÇA
Doutor em ciência política e professor de relações internacionais do Ibmec-BH