Christopher Mendonça

Disputa pelo Senado Federal em Minas: por que tantos indecisos?

Mais de 60% do eleitorado não sabe em quem votar

Por Christopher Mendonça
Publicado em 09 de julho de 2022 | 03:00
 
 
 
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Chamado também de “Câmara Alta”, o Senado Federal do Brasil dispõe de três cadeiras para cada um dos 26 Estados do país mais o Distrito Federal, compondo dessa forma uma assembleia de 81 representantes. Indiferentemente de quantos habitantes ou qual seja o território de cada um dos Estados brasileiros, estes contam com três possibilidades de representação senatorial, sendo esta renovada de forma quadrienal e variando entre duas e uma cadeira por pleito, ou seja, o Senado é a única Casa legislativa que não é renovada totalmente a cada corrida eleitoral.

Para ocupar uma das cadeiras daquela Casa legislativa é necessário, além de ter idade igual ou superior a 35 anos, ter mais votos do que todos os seus concorrentes, o que faz da eleição ao Senado uma disputa majoritária muito mais parecida com as eleições aos cargos do Executivo – como o de governador, por exemplo – do que com as disputas entre candidatos a deputado ou vereadores, que são proporcionais à população e às forças partidárias de cada distrito geográfico. A disputa pelo Senado não conta, entretanto, com segundo turno.

Em 2018, dois terços do Senado da República foram renovados, e os mineiros escolheram Rodrigo Pacheco (PSD), que hoje ocupa a presidência do Congresso Nacional, e Carlos Viana (PL). Importante ressaltar que, seguindo em um sentido distinto do esperado, os dois eleitos não ostentavam naquela ocasião uma grande experiência em disputas eleitorais ou na ocupação de cargos políticos.

O senador Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais, manteve-se durante quase sete anos e meio representando os mineiros na Casa – os senadores são os únicos legisladores com mandatos de oito anos –, mas precisou ser substituído em razão da sua posse como conselheiro do Tribunal de Contas da União (TCU).

A última pesquisa do DATATEMPO, realizada entre os dias 30 de abril e 5 de maio e registrada na Justiça Eleitoral, apresentou um quadro de grande indecisão: mais de 80% dos entrevistados não sabem em quem votar ou se dizem decididos a não votar em nenhum dos nomes até agora divulgados. 

Cleitinho Azevedo (PSC) é o nome com maior vantagem numérica, mas ainda com dificuldades em se distanciar dos seus potenciais adversários no pleito. Os deputados Aécio Neves (PSDB) e Reginaldo Lopes (PT) indicam que devem disputar a reeleição para a Câmara Federal, deixando espaço para outros nomes, como Alexandre Silveira (PSD), que comporá chapa com Lula em Minas Gerais mesmo sem nenhuma trajetória ligada à esquerda, e Marcelo Álvaro Antônio (PL), deputado que recebeu o maior número de votos entre os deputados federais mineiros em 2018 e que até o momento é o nome mais ligado ao presidente Bolsonaro por ter sido seu ministro.

A disputa pelo Senado em Minas está ainda muito fria e incerta. Ainda há uma série de alianças que devem ser definidas nas próximas semanas. É natural que a população esteja incerta de seu voto diante de um comportamento ainda tão silente por parte das lideranças locais. O marasmo precisa chegar ao fim nos próximos dias para que o eleitor tenha tempo de conhecer melhor o seu escolhido.

Christopher Mendonça é doutor em ciências políticas e professor de relações internacionais do Ibmec-BH

*As opiniões apresentadas neste artigo são de exclusiva responsabilidade de quem o assina, não representando, necessariamente, a posição do jornal ou da instituição de ensino à qual o autor está vinculado.

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