Chuteiras e gravatas

Bolívia x Venezuela: o Mineirão como eu nunca vi!

Sete mil pessoas não pagaram ingressos; por causa da baixa venda, entradas foram distribuídas a crianças de escolas públicas e projetos sociais


Publicado em 23 de junho de 2019 | 13:30
 
 
 
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O Mineirão recebeu, no sábado, 7.106 torcedores não pagantes (60% do total de presentes), entre eles, uma garota especial, que me agarrou pelo braço quando, na correria, passava por um corredor da arquibancada. Ela só queria atenção. Me perguntou quem eu era, pegou meu crachá, elogiou a foto e me pediu abraços. Forte com as mãos, não me largava de jeito nenhum. O jogo rolava e fiquei ali, ao menos, cinco minutos de papo com ela. 

Assim como a garota (que acabei não perguntando o nome), centenas de torcedores receberam ingressos para acompanhar Bolívia x Venezuela, pelo grupo A da Copa América. Foi o jogo de menor público pagante da competição (4.640). Viríamos apenas notícias negativas por aí. Mas, nesses anos em que trabalho no Mineirão, nunca vi o estádio com aquela atmosfera. De crianças carentes de escolas públicas a idosos com mais de 100 anos de idade. Imigrantes venezuelanos que vivem em BH também receberam ingressos, assim como moleques do time do Brumadinho Futebol Clube, da cidade devastada pelo rompimento da barragem da Vale, em janeiro. 

Todos que foram ao estádio ficaram encantados, se divertiram à beça. Cada um da sua maneira, dentro de suas limitações. Para se ter uma ideia, no setor onde ficaram a maioria dos agraciados, no meio do campo, o ingresso custava R$ 350. R$ 350! Se a Conmebol errou aplicando preços tão exorbitantes, acertou na distribuição das entradas para entidades sociais quem nunca poderia ir a um estádio de futebol.

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