Cida Falabella

Frente democrática mineira já!

A formação de um programa progressista para o Estado e o país


Publicado em 20 de janeiro de 2022 | 03:00
 
 
 
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Feliz ano novo para quem quer derrotar a extrema direita e seus principais aliados nas eleições! Como disse Jean Wyllys, “Lula é o único candidato ‘de centro’ capaz de derrotar Bolsonaro, e nós não temos tempo a perder!”. Não será fácil e não tem nada garantido. Diante da emergência sanitária e democrática que vivemos, não podemos relativizar a ameaça autoritária, a destruição das políticas públicas, nem o negacionismo que nos tira vidas. É preciso fazer amplas alianças, a todo momento e em todos os espaços, para enfrentar a cultura bolsonarista no país.

A frente ampla que Lula pretende puxar para vencer as eleições, afastar o perigo de um golpe e depois governar o país deve partir da união entre as esquerdas para incluir outros setores democráticos, fazendo alianças estratégicas em cada cenário local. Trata-se de um arranjo complexo, que exige combinações eleitorais e pactos políticos distintos em cada Estado brasileiro. Sabemos que o resultado em Minas será decisivo para a vitória de Lula. E, para isso, precisamos derrotar o bolsonovismo que sustenta Zema no governo de Minas.

Chamo de “bolsonovismo” a orientação política e ideológica que dá sustentação ao governo Zema no Estado e que se consolidou também como um bloco de oposição à direita na Câmara Municipal de BH. Além de votos em consonância, “liberais”, militares e fundamentalistas religiosos utilizam as mesmas estratégias de desinformação, atacam a ciência, as artes e os direitos humanos e praticam o legalismo de ocasião para defender o mesmo ponto de vista em pautas ideológicas. 

Ao que parece, a polarização na disputa pelo governo do Estado deve ficar mesmo entre Zema e Kalil, caso a candidatura do segundo se confirme. Neste ponto, temos que ter atenção para calibrar nossas críticas e apoios. Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que BH teve/tem a melhor gestão da pandemia no país. Além disso, Kalil comprou briga com setores econômicos, resistiu à pressão de ultraconservadores, criticou a condução absurda do presidente e marcou diferenças importantes com o governador bolsonovista.

Enquanto isso, apesar dos esforços recentes para se distanciar, Zema está colado a Bolsonaro desde sua campanha em 2018. Na pandemia, ele “mandou o vírus viajar”, levantou um hospital de campanha que nunca foi usado, questionou as decisões acertadas do comitê científico da capital, e teve seu ex-secretário de saúde envolvido no escândalo dos fura-filas da vacina. Na conta de Zema ainda estão a negligência do governo em relação à mineração predatória e à prevenção das tragédias ambientais recentes, os projetos de desvalorização e consequente privatização das empresas públicas e o inegável rebaixamento da cultura, inclusive com denúncias de dirigismo.

Em um provável segundo turno entre Kalil e Zema, não sobra espaço para dúvidas: temos que apoiar Kalil versus Romeu. No entanto, para Lula, pode ser que um acordo com Kalil e seu partido (PSD) já no primeiro turno seja fundamental. Isso exigiria uma análise mais aprofundada do governo Kalil em BH, seus pontos mais críticos e nossas maiores diferenças, para fazermos as pontes necessárias em prol da vitória da democracia.

Mas, se a melhor alternativa para Lula em Minas Gerais for uma “frente de esquerda” no primeiro turno, temos que lançar o melhor nome para unificar o nosso campo, defender um programa popular para o Estado e aumentar o número de parlamentares progressistas de Minas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Sim, uma frente democrática capaz de vencer Bolsonaro e Zema em Minas Gerais, no primeiro ou no segundo turno, precisa ser viabilizada desde já. O importante é colocar o Lula lá e tirar o Zema daqui!

 

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