A expressão “conexões humanas” tem sido amplamente utilizada e, no âmbito das organizações, com nuances que estimulam reflexões que não estamos habituados ou disponíveis a fazer no dia a dia. Inicialmente, conexões humanas fazem um contraponto sob o fator humano e sua relação com a tecnologia, cada vez mais presente na nossa vida. Eu arriscaria dizer que substituir as emoções que sentimos quando, de fato, estamos conectados com o outro nem a mais avançada tecnologia poderá fazer. E quando digo pessoas conectadas recupero o substantivo “conexão” com o significado de ligação, união e vínculo.
Porém, não podemos desconsiderar que as relações humanas estão fortemente influenciadas pela tecnologia. Internet, dispositivos móveis, aplicativos e redes sociais, por um lado, viabilizam o “contato” entre pessoas fisicamente afastadas, mas também têm distanciado pessoas que estão fisicamente próximas. Nunca tivemos tanto acesso às informações e tantas possibilidades com modelagem e análise de dados, mas, ao mesmo tempo, um apelo para que a conexão entre as pessoas seja cada vez mais real e não apenas no mundo virtual (a vida das redes sociais é bem diferente da realidade do dia a dia).
No ambiente corporativo, a gestão de pessoas é dependente e sensível à integração entre processos, pessoas e tecnologia. Não basta cada um fazer o seu papel, ter o processo definido e a tecnologia disponível. A interdependência dessas dimensões é determinante para o alcance dos resultados organizacionais. Esse equilíbrio perfeito é bastante desafiador e, na prática, temos, por exemplo, bons processos executados por pessoas não habilitadas, ótima tecnologia para processos desestruturados, pessoas com habilidade sem tecnologia disponível e assim por diante.
Esse tripé assume características bem específicas conforme o tipo de empresa, setor de atuação e cultura organizacional. Mas, no que diz respeito às pessoas, a confiança é um dos pilares para a qualidade das conexões humanas e também é um dos atributos para a atuação de equipes de alta performance. Colocando um zoom nessa ambiência, chegamos às pessoas que exercem a função de liderança nas empresas como aquelas que viabilizam (ou não) essa ponte das conexões entre as pessoas.
No papel de liderança, somos ponte para a conexão humana quando demonstramos gratidão, mostramos vulnerabilidade, compartilhamos nossos erros, medos, angústias, conquistas e aprendizagens, validamos os sentimentos das pessoas independentemente do resultado objetivo, acreditamos no propósito da empresa e agimos de maneira congruente com nosso discurso.
As desconexões humanas, ou seja, a falta de vínculo e confiança, estão presentes quando nos escondemos na posição hierárquica para justificar uma decisão, desvalorizamos o caminho percorrido para o alcance de um resultado (mesmo que não seja o melhor), falamos das dificuldades individuais no ambiente coletivo, desconhecemos os desafios que as pessoas enfrentam além do ambiente corporativo, definimos regras sem envolver as pessoas, aplicamos consequências desproporcionais aos fatos etc.
No fim do dia, são pessoas buscando conexões com outras, com todas as imperfeições da natureza humana e, por isso, causando também desconexões. Grande parte dos desafios pode ser superada pela prática efetiva da empatia, que é o elo que conecta cada história de vida, nossa subjetividade, sonhos, expectativas, crenças, valores, dores, decepções e todo o mix de emoções que nos movem.
Para os líderes, é uma ferramenta imprescindível para a maximização das conexões humanas. Fazer o exercício de compreender como o outro é impactado por sua atitude e todo o contexto organizacional é um caminho contínuo de aprendizagem que retroalimenta nosso autoconhecimento e aprimora nossa capacidade de uma comunicação genuína com o outro.
Por fim, permanece a busca por respostas. Estamos evoluindo na confiança e empatia entre as pessoas no ambiente organizacional? Como temos utilizado a tecnologia a favor das conexões humanas nas organizações? Quais serão os desafios para as conexões humanas no futuro?