CRISTOVAM BUARQUE

Refazer o orgulho dos brasileiros na Antártica

Redação O Tempo


Publicado em 02 de março de 2012 | 00:00
 
 
 
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O Brasil é um dos poucos países com base na Antártida. Ao longo de mais de 20 anos, tem mantido de forma permanente grupos de cientistas e militares que se revezam tentando entender aquele continente e as consequências de seu clima para o futuro do planeta. Ali são feitas pesquisas sobre a vida marinha em baixas temperaturas, sobre fontes de alimentos de micro-organismos, sobre as mudanças climáticas e, inclusive, sobre recursos naturais disponíveis. Além disso, ali o Brasil mostra que aceita desafios. Não temos como enviar uma tripulação ao espaço sideral, mas não fugimos de ter nossa base na Antártida e sentirmos
orgulho por isso.

Essa Estação Comandante Ferraz tem custado um enorme esforço às nossas Forças Armadas, especialmente à Marinha e à Aeronáutica, e tem atraído apoio de diversos setores, entre os quais uma Frente Parlamentar de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro, o ProAntar, como é conhecido.

De repente, ainda não sabemos por que, um incêndio com explosão, provavelmente no depósito de combustível, transformou a nossa base e os nossos dados das pesquisas em cinzas.
Visitei duas vezes a Antártida e em uma delas foi possível ir até a estação. Muitos vibram com a nossa seleção de futebol, eu vibrei ao posar com uma bandeira do Brasil ao lado dos cientistas e militares naquele ponto extremo do planeta, sabendo que estava em território brasileiro e ao lado de pesquisadores brasileiros. Há anos sou presidente da frente parlamentar de apoio ao ProAntar e talvez por isso tenha sido informado logo no início do acidente. Certamente, devo ser um dos que mais sentem o drama que estamos vivendo.

A morte de dois militares, além de ferimentos em um outro, e a destruição das pesquisas, salvo aquelas já compartilhadas pela internet, deixaram-me com a sensação de uma imensa tragédia para o Brasil, embora tenha ocorrido em um ponto tão distante. Ao mesmo tempo, despertou a vontade de fazer tudo o que for possível para ajudar na recuperação daquele nosso território científico.

Emenda de minha autoria ao Orçamento da União deste ano, mesmo sendo de pequeno valor - R$ 500 mil -, pode colaborar para o início imediato da reconstrução da Estação Comandante Ferraz.

A partir desta semana, a Marinha já começa a entender o que houve e a fazer os trâmites para reconstruir a Estação Comandante Ferraz. Estamos certos de que não serão poupados esforços de todos nós e do governo brasileiro para que, em breve, todo o trabalho de pesquisa possa ser retomado e o Brasil possa mostrar que teve uma base na Antártida, mas que já tem uma outra nova construída.

O custo disso será quase nada se comparado com os custos com a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o trem-bala. E, com certeza, a estação propiciará muito mais resultados positivos para o orgulho nacional e para as pesquisas mundiais.

Trata-se de refazer um orgulho brasileiro.

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